11 de março de 2014

O que a Igreja Batista diz sobre a Lei e o Sábado?

Campanha BatistaEste artigo não tem por finalidade provar o ensinamento bíblico através dos testemunhos, depoimentos e declarações aqui transcritos, mas sim apresentar aos batistas mal-informados de sua própria doutrina qual o posicionamento oficial da Igreja Batista frente à questão da lei e do sábado. É fato que seus líderes e autoridades, teólogos de maior gabarito, professores, ilustres evangelistas, pastores e famosos escritores concordam com os adventistas e demais cristãos observadores do sábado quanto à validade deste e de todos os mandamentos do Decálogo como regra de prática e conduta para o cristão. Inclusive é a mesma posição bíblica ensinada oficialmente há séculos pelas demais denominações cristãs, como presbiterianos, luteranos, metodistas, congregacionalistas, anglicanos, assembleianos, católicos, etc. É verdade que quando tratam de “sábado”, esses mesmos autores pretendem reinterpretar o quarto mandamento como agora se aplicando ao primeiro dia da semana. Então, estão certos e de acordo quanto à validade e vigência de todos os mandamentos do Decálogo e das origens edênicas do princípio sabático, porém estão equivocados ao acharem que o domingo tomou o lugar do sábado, uma informação que não consta de parte alguma da Bíblia.
PONDERAÇÕES INICIAIS
A Igreja Batista se subdividiu em algumas ramificações, como a “Primeira Igreja”, a “Peniel”, a “Filadélfia”, a “Sião”, etc. mas todas as partes mantêm a doutrina uniforme por meio das “Convenções Batistas”. Divergem apenas em questões administrativas, como também acontece com outras denominações evangélicas (presbiterianos, luteranos, metodistas, congregacionalistas, anglicanos, assembleianos, etc. ). Mas uma coisa continua sendo o elo de união entre as diversas subdivisões dentro da Igreja Batista: a doutrina.
Infelizmente temos percebido, porém, que as pessoas se filiam a uma placa de igreja sem a preocupação de se informarem sobre as suas doutrinas, crenças e ensinamentos, e também não se preocupam em conhecer os seus credos, confissões de fé e posicionamentos históricos, quanto menos sobre suas normas e regras. Isso é muito sério. Os membros da igreja – na maioria dos casos – não lêem os livros que são escritos pelos seus evangelistas, teólogos, professores, escritores ou pastores da igreja a que pertencem, e vivem sem saber como é o seu cristianismo que levam de qualquer jeito… Outros – e isto é de pasmar qualquer um! – não têm lido a própria Bíblia!!! Perguntamos: Que tipo de cristianismo é esse, que não incentiva à pesquisa do Livro Sagrado? Não era assim no tempo de Jesus, pois Ele recomendou o exame das Escrituras (Jo. 5:39). Que tipo de igreja é essa, então, que não transmite aos membros o conhecimento das próprias crenças e posicionamento bíblico? Vejamos o que o profeta Oséias escreveu:
O Meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote (líder religioso), rejeitaste o conhecimento, também Eu, te rejeitarei, para que não sejas sacerdote (pastor) diante de Mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também Eu Me esquecerei de teus filhos (membros). (Os. 4:6)
Um líder religioso – pastor, professor, evangelista, teólogo, escritor – que rejeita a Lei de Deus, está comprometido diante dEle, e comprometendo o seu rebanho à destruição, conforme o texto do profeta Oséias, transcrito acima. Tal líder religioso será responsável, diante de Deus, pelas almas que vierem a perecer por falta de conhecimento! Graças a Deus os líderes da Igreja Batista não negam a vigência da santa e divina Lei do Senhor! Amém?!
Mas por falta de instrução dessa igreja, por todos os lugares, cada membro da Igreja Batista pretende ter uma forma particular de entender a Bíblia ao que lhe convém, que nem sempre se encaixa naquilo que é ensinado pelas Escrituras e por seus teólogos, líderes, pastores, professores, evangelistas e escritores. Por isso, chamamos a atenção para o conselho bíblico, que diz:
Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus. … Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil. (Hb. 13:7, 17)
Se o conselho bíblico é que as ovelhas devem lembrar-se e sujeitar-se aos seus pastores, quando eles ensinam a palavra de Deus, nada mais correto do que saber o que ensinam alguns de seus pastores e estudiosos da Bíblia. Por exemplo, o que historicamente os líderes religiosos da Igreja Batista tem ensinado oficialmente a respeito de assuntos que falam da obediência ao Senhor? O que dizem a respeito da Lei de Deus? O que ensinam sobre os Dez Mandamentos? E sobre o sábado? O que eles deixaram registrado oficialmente, para a sadia orientação de seus rebanhos? Vamos conferir?
QUESTÕES AOS BATISTAS
1) O que é a Lei de Deus? O que são os Dez Mandamentos?
Quem vai nos responder a essa primeira pergunta é o príncipe dos pregadores batistas, Carlos H. Spurgeon, afirma o seguinte em seus “Sermons”:
“A Lei de Deus é uma lei divina, santa, celestial, perfeita. Aqueles que acham defeito na lei, ou que a depreciam em grau mínimo, não compreendem o seu desígnio e não têm uma idéia correta da própria lei. Paulo diz que ‘a lei é santa, mas eu sou carnal; vendido sob o pecado’. Em tudo quanto dizemos concernente à justificação pela fé, nunca intencionamos diminuir o conceito que nossos ouvintes têm da lei, pois a lei é uma das obras de Deus mais sublimes.
Não há nenhum mandamento a mais; não há nem um a menos; mas ela é tão incomparável que sua perfeição é uma prova de sua divindade. Nenhum legislador humano poderia ter trazido a existência uma lei semelhante à que encontramos no Decálogo.” [Vol. 2, sermão 18, pág. 280. Grifos acrescentados.]
Diz também o famoso escritor, evangelista internacional e líder religioso Billy Graham, que citando Wesley sobre os Dez Mandamentos, diz:
“A exemplo de Wesley, sinto que deva pregar a lei e o juízo antes de pregar a graça e o amor. … Os dez mandamentos… são as leis morais de Deus para a conduta das pessoas. Alguns pensam que eles foram revogados. Isso não é verdade. Cristo ensinou a lei. Eles ainda estão em vigor hoje. Deus não mudou. As pessoas é que têm mudado. … A Bíblia diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Os Dez Mandamentos são um espelho para nos mostrar como ficamos aquém em preencher os requisitos de Deus.” [Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, “Billy Graham and the New York Crusade” (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), págs. 108-109.]
Podemos transcrever aqui nada mais nada menos que o próprio manual das Igrejas Batistas, o “New Hampshire Confession of Faith”, sistematizado por Edward T. Hiscox, onde não há nenhum ensinamento da abolição ou mesmo da alteração da Lei de Deus nesta positiva declaração:
“Cremos que as Escrituras ensinam que a Lei de Deus é a norma eterna e imutável de Seu governo moral (Rom. 3:31; Mat. 5:17; Luc. 16:17; Rom. 3:20; 4:15); que essa lei é santa, justa e boa (Rom. 7:12; 7:7, 14, 22; Gál. 3:21; Sal. 119); e que a incapacidade, que as Escrituras atribuem aos homens caídos, de cumprirem seus preceitos, resulta inteiramente de seu amor ao pecado (Rom. 8:7, 8);
livrá-los disso e restaurá-los por meio de um Mediador a uma sincera obediência à santa lei, é o grande propósito do evangelho e dos meios de graça relacionados com o estabelecimento da igreja visível (Rom. 8:2-4).” [Art. 12, págs. 63-64. Também é encontrado no “Manual das Igrejas Batistas”, por William Carey Taylor, ed. 4 (1949), pág. 178, art. 12. Citado em O.C.S. Wallace, “What Baptist Believe”, pág. 79.]
Precisaríamos de mais alguma informação depois desta, dada pelo MANUAL DAS IGREJAS BATISTAS, que regulamenta todas as praxes da denominação? Creio que não! Vamos a outra pergunta:
2) Para que serve a Lei de Deus, os Dez Mandamentos?
William Carey Taylor, Doutor em Teologia, professor de seminário batista por muitos anos, e grande
escritor, responde a esta pergunta da seguinte forma:
“Seria uma bênção se cada púlpito no mundo trovejasse ao povo a voz divina do Decálogo, pois a Lei é aio [mestre, guia] para guiar a Cristo.” [Em “Os Dez Mandamentos”, pág. 5.]
Veja o que se encontra no próprio “Catecismo da Doutrina Batista”:
Todos nós temos a obrigação de cumprir a Lei Moral… que é a que nos prescreve as obrigações para com Deus e o próximo. … A lei se acha expressa com maior minuciosidade nos Dez Mandamentos, dados por Deus a Moisés no Sinai.” [Por Pr. W. D. T. MacDonald, págs. 28-29. Grifos acrescentados.]
Por seu turno, o teólogo batista Pr. Nilson do Amaral Fanini, pregador do programa de televisão “Reencontro”, escreveu o seguinte:
“Se quisermos viver em paz com Deus e com o nosso próximo devemos, então, observar o Decálogo…. Devemos obedecer não por medo mas por amor. Precisamos observar as leis divinas tais quais elas são e não acomodá-las de acordo com as tendências da época, esquecendo ou comprometendo as leis divinas que regem a conduta moral.”
[Em "Dez Passos Para Uma Vida Melhor", págs. 18-19.]
Novamente Carlos H. Spurgeon, o grande pregador batista, declara:
“Para que existe a Lei de Deus? Para a guardarmos a fim de sermos salvos por ela? De maneira nenhuma. Foi-nos dada com o fim de mostrar-nos que não podemos ser salvos pelas obras, e limitarmos a ser salvos pela graça. Mas se presumis que a lei está alterada para que o homem a possa observar, deixai-lhe a sua velha esperança legal, e ele está certo de poder a ela apegar-se. Necessitais duma lei perfeita que mantenha o homem, quando apartado de Cristo, em estado de desesperança, ponha-o numa jaula de ferro, feche-o a cadeado e não lhe ofereça escape algum senão o da fé em Cristo; então se porá a gritar: ‘Senhor, salva-me pela graça, pois percebo que não me posso salvar por minhas próprias obras.’ E assim é que S. Paulo o apresenta aos Gálatas: ‘A Escritura incluiu a todos sob o pecado, para que a promessa pela fé de Jesus Cristo pudesse ser concedida aos que crêem. Mas antes de vir a fé, éramos mantidos sob a lei, retidos dentro da fé que depois se revelaria. Por essa causa a lei era nosso aio para conduzir-nos a Cristo, a fim de sermos justificados pela fé.’ Digo-vos que, pondo de parte a lei, despojastes o evangelho de seu auxiliar mais competente. Tirastes dela o aio que leva os homens a Cristo. Eles nunca aceitarão a graça sem que tremam perante uma lei justa e santa. Por conseguinte, a lei serve ao mais necessário e bendito propósito, e não deve ser removida do lugar que ocupa.” [Em “The Perpetuity of the Law of God”, págs. 10-11. Grifos acrescentados.]
Conforme esses líderes batistas notaram do ensinamento bíblico, a Lei de Deus serve:
–> para conduzir a Cristo,
–> para nos manter em paz com Deus,
–> para servir como regentes da nossa conduta moral,
–> para cumprir nosso dever perante Deus,
–> para ser regra de conduta, mesmo para os que foram justificados, etc.
3) A Lei de Deus, os Dez Mandamentos, estão vigentes para o cristão?
O grande reformador João Calvino, pai da Igreja Batista e da Presbiteriana, comentando Mt. 5:17 e Lc.16:17, em seu “Comentary on a Harmony of the Gospel”, assim declara:
“Não devemos supor que a vinda de Cristo nos tornou livres da autoridade da lei; pois ela é a norma eterna de uma vida devota e santa, e deve, portanto, ser tão imutável como a justiça de Deus, que a envolveu, é constante e uniforme.” [Vol. 1, pág. 277. Grifos acrescentados.]
Para o Dr. George Eldon Ladd, teólogo batista de renome batista, a resposta é a seguinte:
“Está claro que a Lei continua a ser a expressão da vontade de Deus para a conduta, mesmo para aqueles que não estão mais sujeitos à lei.” [Em “Teologia do Novo Testamento”, pág. 473.]
“Pelo fato de terem os cristãos maior luz, estão mais na obrigação de observar os preceitos da lei do que os demais”, salienta a “Sociedade de Publicações Batista” em seu Folheto n° 64, o qual declara:
“Para provar que os Dez Mandamentos são obrigatórios, peça a qualquer pessoa que os leia, um por um, e pergunte a sua própria consciência se haveria pecado em transgredi-los. É isto, ou qualquer parte disto, a liberdade do evangelho? Toda consciência que não tiver cauterizada deve responder a esta pergunta com uma negativa. …
“O Legislador e o Salvador são o mesmo; e os crentes devem estar de acordo tanto com o primeiro como com o último; mas, se menosprezarmos a lei que Cristo Se deleitou em honrar, e contestarmos nossa obrigação de a ela obedecer, como poderemos estar de acordo com Ele?
Não somos antes daquele sentimento que é inimizade contra Deus, nem em verdade o pode ser? …
Se a lei não for uma norma de conduta para os crentes, e uma perfeita norma, eles não se acham sujeitos a nenhum padrão; ou, o que vem a ser a mesma coisa, estão sem lei. Mas, se é assim, não cometem nenhum pecado; pois ‘onde não há lei, não há transgressão’; e nesse caso, não tem nenhum pecado a confessar quer a Deus, quer mutuamente; e também não se acham necessitados de Cristo, como advogado para com o Pai, nem de perdão diário através de seu sangue. Assim, ao negar a lei, os homens destroem por completo o evangelho. Os crentes, portanto, em lugar de estarem isentos da obrigação de obedecer-lhe, acham-se sob maior obrigação de o fazer do que quaisquer homens do mundo. Estar isento disso é estar sem lei, e por conseguinte, sem pecado; neste caso poderíamos viver sem um Salvador, o que é completamente contrário à religião.”
[Págs. 2-6.]
Noutro sermão o grande evangelista Billy Graham prossegue:
“Eu vos advirto esta noite, não pode haver paz até que a Lei seja observada e não há poder em nós para observar a Lei. A natureza humana é corrupta. É por isso que Cristo veio para dar-nos uma nova natureza e pôr em operação forças que nos possam trazer à existência uma nova ordem mundial.” [Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, “Billy Graham and the New York Crusade” (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), pág. 191.]
Outra vez o grande evangelista Carlos H. Spurgeon:
“Se alguém me diz: ‘Eis que em substituição aos Dez Mandamentos recebemos dois, que são muito mais fáceis,’ responder-lhe-ei que essa versão da lei não é de maneira alguma mais fácil. Uma tal observação implica falta de meditação e experiência. Esses dois preceitos abrangem os dez, em seu mais amplo sentido, não podendo ser considerados exclusão de um jota ou til dos mesmos.
Quaisquer dificuldades existentes nos mandamentos são igualmente encontradas nos dois, que lhes são a súmula e substância. Se amais a Deus de todo o vosso coração, torna-se-vos preciso observar a primeira parte (os primeiros quatros mandamentos); e se amais o próximo como a vós mesmos, precisais observar a segunda (os outros seis mandamentos).” [Em “The Perpetuity of the Law of God”, pág. 5. Grifos acrescentados.]
O Rev. Andrew Fuller, eminente ministro batista, conhecido como o “Franklin da teologia”, diz o seguinte:
“Se a doutrina da expiação nos leva a alimentar idéias falsas com relação à Lei de Deus, ou a negar-lhe autoridade preceituaria, podemos estar certos de que ela não é a doutrina escriturística da reconciliação. A expiação relacionava-se com a justiça e esta com a lei ou a revelada vontade do Soberano, a qual fora violada; e a própria finalidade de expiação é restaurar a honra da lei. Se a lei, que foi transgredida, fosse injusta, em vez de ser providenciada uma expiação para o seu quebrantamento, deveria ela ter sido revogada, e o Legislador levado sobre Si a vergonha de havê-la ordenado. … É fácil notar, por conseguinte, que na proporção em que a lei é minimizada, e o evangelho é solapado, tanto a graça como a expiação são tornadas inúteis. É o uso abusivo da lei, ou o torná-la um meio de vida, em oposição ao evangelho – para o que ela jamais foi dada a uma criatura caída – o que as Escrituras Sagradas desaprovam; e não a lei como revelada vontade de Deus, o imutável padrão entre o direito de Deus, o imutável padrão entre o direito e o erro. Deste ponto de vista foi que os apóstolos nela se deleitaram; e se somos cristãos deleitar-nos-emos nela também, e não nos oporemos a estar sob ela como uma norma de dever; pois nenhum homem se opõe a ser governado pelas leis de que gosta.” [Em “Atonement of Christ”. Ver “Works of Andrew Fuller”, págs. 160-161.]
4) Desde quando existem os Dez Mandamentos, a Lei de Deus?
O Pr. Antonio Neves de Mesquita, Doutor em Teologia, e professor de seminários teológicos batistas de grande projeção, em seu livro “Estudo no Livro de Êxodo”, registra estas palavras:
“Tomemos em consideração que antes de serem dadas as dez proposições, comumente chamadas Lei, já todos os ensinos nelas codificados estavam em vigor. Podemos mesmo dizer que desde que apareceu o homem sobre a terra os princípios do Decálogo tinham força de lei. E, se quisermos recuar mais ao passado, podemos afirmar que nunca houve tempo nem eternidade em que tais princípios não existissem. … Quando o homem foi criado, não lhe foi dada esta lei em forma catalogada, mas lhe foi posta no coração, dentro da consciência, dentro de sua íntima natureza, para que por ela se governasse.” [Pág. 133.]
Aí está o testemunho de alguém que estudou bastante o Livro de Deus, e os ensinamentos dos grandes mestres da Igreja Batista. O Dr. Antonio Neves de Mesquita é autoridade muito responsável, e que pode muito bem responder pela Igreja Batista!
5) Existe diferença entre a Lei Moral e a Lei Cerimonial?
Eis as seguintes declarações de um teólogo batista que muito estudo a Bíblia:
“Jesus não deu um novo código moral. Ele não foi um segundo Promulgador de leis, como Moisés. Ele era muito superior, e Seus ensinos morais situam-se num plano muito mais elevado do que os de Moisés. Ele não Se preocupava tanto com enunciar regras detalhadas para regular a vida moral, e sim em enunciar princípios eternos pelos quais os homens deviam viver sob Deus e em falar sobre motivos e propósitos que deviam governar todos os nossos atos.
“Jesus não concedeu um novo código, mas também não disse que os ensinamentos do Velho Testamento estavam suspensos. As leis cerimoniais e ritualísticas do Velho Testamento foram ab-rogados para o cristão, mas não os Dez Mandamentos.”
[J. Philip Hyatt, “The Teacher” (publicação batista), outubro de 1943, vol. 57, nº 10, pág. 5.]
O renomado teólogo batista Weldon E. Viertel afirma o seguinte quanto à divisão de leis:
A Lei pode ser dividida em três tipos: cerimonial, civil e moral. … De acordo com o livro de Hebreus, as leis cerimoniais eram sombras de Cristo. A sombra foi substituída pela realidade de Cristo e Seu ato redentor. As leis cerimoniais foram cumpridas; portanto, a Igreja não observa as leis sacrificiais e os festivais. As leis cerimoniais foram aplicadas a Cristo, em grande parte pelo uso da tipologia.
“… A Lei Moral continua efetiva; todavia, Cristo deu-lhe outro nível de sentido e aplicação. Lidou com a raiz das atividades éticas, incluindo atividades e motivos (o coração do homem).”
[Em “A Interpretação da Bíblia”, pág. 194.]
O já citado Dr. Antonio Neves de Mesquita ajuda na resposta quando diz:
O concerto divide-se em três partes: Lei Moral ou os Dez Mandamentos (20:1-17); Lei do Altar ou Cerimonial, meio de aproximação a Deus (20:22-26 e o livro de Levítico); e Lei Civil (21:1-23:19).” [Op. cit., pág. 131. Grifos acrescentados.]
6) A que tipo de lei o apóstolo Paulo se refere em Colossenses 2:16?
Da obra publicada pelos batistas, “Comentario Exegetico y Explicativo de La Bíblia”, por Roberto Jamieson, A R. Fausset e David Brown, estudiosos fundamentalistas, assim Colossenses 2:16 e 17 é comentado:
“‘SÁBADOS’ referem-se ao dia da Expiação e festa dos Tabernáculos que chegaram ao fim com os cultos judaicos a que pertenciam (Levíticos 23:32, 37 e 39). O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o término da Criação em seis dias. Levíticos 23:38 expressamente distingue ‘o sábado do Senhor’, de outro sábados.
Um preceito positivo é ordenado por ser necessário e cessa de ser obrigatório quando ab-rogado; porém o preceito moral é ordenado eternamente, porque é eternamente necessário.” [Tomo 2, pág. 520. Ver também em “Estudo no Livro de Êxodo”, págs. 163, 169-170. Grifos acrescentados.]
Ou seja, a posição oficial dos batistas é que Colossenses 2:16 não está falando do sábado do quarto mandamento. Está falando da LEI CERIMONIAL, e não da Lei Moral!
7) E o sábado do quarto mandamento da Lei Moral, qual a sua origem?
Vamos, outra vez, consultar o “Comentario Exegetico y Explicativo de La Biblia”, onde se lê o seguinte:
“A instituição sábado é tão velha como a criação, dando origem à divisão semanal do tempo, o que prevaleceu nas épocas mais remotas.” [Tomo I, pág. 21.]
Mais uma vez, o Dr. Antonio Neves de Mesquita, com a palavra abalizada do estudioso:
“Naturalmente, temos de remontar ao princípio da criação, quando Deus descansou dos labores criativos, para encontrarmos a resposta à pergunta sobre a existência do sábado.” [Op. cit., págs. 162-163.]
Repetindo aqui uma citação do comentário bíblico de Jamieson, Fausset e Brown:
“O sábado semanal repousa em base mais permanente, tendo sido instituído no Paraíso para comemorar o término da Criação em seis dias. … o preceito moral é ordenado eternamente, porque é eternamente necessário.” [Tomo 2, pág. 520. Nota sobre Col. 2:16-17.]
“Pelo motivo dado para que se observe o dia de sábado nos Dez Mandamentos, aprendemos que o exemplo do descanso sabático havia sido dado pelo próprio Deus por ocasião da criação. O sábado, portanto, é uma ordenança da criação (Êx 20:8-11). … o padrão é assim deixado para o homem seguir
A linguagem usada é propositalmente forte a fim de que o homem possa aprender a necessidade de considerar o sábado como um dia em que ele mesmo precisa de descansar de suas labutas diárias. … Deus, e não o homem, é que deve determinar de que modo o sábado precisa ser observado.” [Em “O Novo Dicionário da Bíblia”, págs. 1421-1422. Grifos acrescentados.]
8) Há razões para santificarmos o sábado?
O primeiro que nos vai indicar algumas razões é o batista já citado Pr. Nilson do Amaral Fanini, que enumera enumerados dois motivos para o quarto mandamento:
“1. O Criador descansou. ‘E ao sétimo dia descansou’. Deus nos dá o exemplo de descanso.
“2. É que Deus santificou um dia. ‘Portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou.’ Isto é, Deus separou um dia para ser consagrado a ele. Portanto não temos o direito de usar aquilo que não é nosso. O dia é do Senhor. Quando usamos algo que não nos pertence, estamos sendo péssimos mordomos. Mas devemos santificar o tempo. Não basta assistirmos aos trabalhos da
igreja. As demais horas do dia devem ser vividas santificadamente.” [Op. cit., pág. 41.]
Novamente o comentário bíblico dos batistas Jamieson, Fausset e Brown, é declarado que:
“ …e repousou no dia sétimo – não para repousar de esgotamento pelo trabalho (veja Isaías 40:28), mas cessou de trabalhar, dando um exemplo, que equivale a um mandamento, para que nós também suspendamos toda classe de trabalho.
“3. Abençoou Deus o dia sétimo e o santificou. – fazendo uma distinção própria sobre os outros seis dias, demonstra que foi dedicado para fins sagrados. … É uma lei sábia e benéfica, pois proporciona aquele intervalo regular de descanso que requer a natureza física do homem e dos animais empregados em seu serviço, e a não observância do mesmo traz em ambos os casos uma decadência prematura.”
[Op. cit., pág. 21. Grifos acrescentados.]
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Outra vez, o Dr. Antonio Neves de Mesquita ajuda na resposta:
“Seria impossível a qualquer povo desenvolver espírito religioso sadio e moral alevantada sem que houvesse meios adequados. Ora, o sábado, forçando o descanso das coisas seculares e fazendo inclinar a mente para as divinas, relembrando as beneficências de Deus à raça, conseguiria manter em equilíbrio os dois poderes humanos: físico e moral. … O sábado é um elo unindo os homens a Deus por meio do culto, que ele faculta e desenvolve. … Podemos aferir grandemente a espiritualidade de um homem pelo respeito que ele tem pelo dia de descanso.” [Op. cit., págs. 163, 169 e 170. Grifos acrescentados.]
Catecismo Batista de 1855 (compilado por Charles H. Spurgeon):
“49. Pergunta: Qual é o quarto mandamento?
Resposta: O quarto mandamento é: Êxodo 20:8-11. ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas’.”
“50. Pergunta: O que se exige no quarto mandamento?
Resposta: O quarto mandamento exige que sejam reservados santos a Deus os tempos que Ele determinou em Sua Palavra, especialmente um dia completo dos sete, que deve ser um Sabbath santificado a Ele (Levítico 19:30).”
“51. Pergunta: Como se deve santificar o Sabbath?
Resposta: O dia do Senhor deve ser santificado através de um descanso santo do dia inteiro, até mesmo de trabalhos e divertimentos mundanos que são certos nos outros dias (Levítico 23:3), e passar o tempo inteiro em adoração pública ou particular a Deus (Salmo 92:1-2), exceto nas obras necessárias de caridade (Mateus 12:11-12).”
[Esse catecismo pode ser visualizado no seguinte website: http://www.luz.eti.br/do_catecismobatista1855.html (acessado a 23/08/07).]
9) Contra o que Jesus Se levantou com relação ao sábado?
Quem nós vamos convidar, primeiro, para responder a esta pergunta é famoso escritor batista, Pr. Enéas Tognini, que diz:
“Contra os acréscimos Jesus Se levantou e os combateu, ressuscitando do ‘sábado’ o mais importante, o mais sagrado, que era o amor que se devia a Deus e ao próximo.” [Em “Jesus e os Dez Mandamentos”, pág. 39.]
Também da obra batista “O Novo Dicionário da Bíblia”, nós lemos estas esclarecedoras palavras:
“Durante o período entre os dois Testamentos, entretanto, foi surgindo gradualmente uma alteração no que diz respeito à compreensão acerca do propósito do sábado. … Paulatinamente a tradição oral foi se desenvolvendo entre os judeus, e a atenção passou a focalizar-se na observância de minúcias. … Foi contra essa sobrecarga aos mandamentos de Deus, pelas tradições humanas, que nosso Senhor se insurgiu. Suas observações não eram dirigidas contra a instituição do sábado como tal, nem contra o ensinamento do Antigo Testamento. Mas Ele Se opunha aos fariseus, que deixavam a Palavra de Deus sem efeito por causa de suas pesadíssimas tradições orais.” [Pág. 1422]
Novamente Carlos H. Spurgeon, o príncipe dos pregadores batistas, em sua obra “Perpetuity of the Law of God” (Eternidade da Lei de Deus), afirma:
Jesus não veio mudar a lei, mas sim explicá-la, e isto mostra que ela permanece; pois não há nenhuma necessidade de explicar aquilo que foi ab-rogado. … Ao assim explicar a lei Ele a confirmou; Ele não poderia ter intenção de aboli-la, do contrário não precisaria interpretá-la. …
Que o Mestre não veio alterar a lei é claro, porque depois de incorporá-la à Sua vida, voluntariamente Se deu a Si mesmo para levar-lhe a penalidade, embora jamais a houvesse transgredido, pagando a penalidade por nós, como está escrito: ‘Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós.’ … Se a lei houvesse exigido de nós mais do que deveria ter feito, teria o Senhor Jesus pago por ela a penalidade que resulta de seus tão severos preceitos? Estou certo de que não o faria. Mas pelo fato de a lei pedir apenas aquilo que deve pedir, isto é, perfeita obediência, e exigir do transgressor somente aquilo que deve exigir, a saber, morte como penalidade pelo pecado – por essa razão o Salvador foi para o madeiro, e ali morreu por nossos pecados e os expiou de uma vez por todas.” [Págs. 4-7.]
10) Jesus guardou o mandamento do sábado?
Existem cristãos, mesmo sinceros, que acreditam que Jesus não guardou os Dez Mandamentos, ou o sábado. Até onde vai o conhecimento deles? O que diz a Bíblia? E o que dizem os líderes batistas sobre esse assunto? Vamos ver!
Jesus mesmo disse o seguinte:
Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai, e no Seu amor permaneço (Jo. 15:10).
Diz o já citado Pr. Enéas Tognini em sua obra “Jesus e os Dez Mandamentos”:
“O quarto mandamento proíbe as atividades materiais, seculares. Por outro lado, ordena na palavra ‘santificar’ um trabalho espiritual, um serviço dedicado ao Senhor. Jesus cumpriu à risca as duas partes da prescrição legal. Ele não violou o mandamento divino como foi acusado pelos Judeus; o que Ele fez foi não ajustar-Se às fórmulas exteriotipadas dos acréscimos engendrados pelas tradições humanas em torno de um mandamento tão simples e tão claro…
Jesus, portanto estava certo, e mais do que certo quanto à guarda do sábado e não os seus gratuitos opositores. …
“Sobre o oceano de confusão agitado pela celeuma farisaica sobre o quarto mandamento, uma coisa paira mais alto e de modo inconfundível: é como Jesus guardou o sábado. Pelo menos três coisas vitais, importantes Jesus fez no sábado: 1) Nem Jesus, nem Seus discípulos fizeram no sábado qualquer trabalho secular; 2) foi regular, sistemática e costumeiramente à sinagoga, onde Se entregava às atividades divinas; 3) Gastou sempre as horas do sábado pregando o Evangelho, como se pode verificar de Lucas 4:16 e Marcos 1:21-39; a curar os enfermos, os coxos, os aleijados, os endemoninhados…”
[Págs. 42-43.]
11) A Bíblia ensina a observância do domingo no lugar do sábado?
O Rev. Joseph Judson Taylor, famoso ministro da Igreja Batista, faz esta declaração em “The Sabbath Question”:
“Neste ponto (o sábado) o ensinamento da Palavra tem sido admitido em todas as gerações.”
“Nenhuma vez os discípulos aplicaram a lei sabática ao primeiro dia da semana. Esta loucura realizou-se num tempo posterior. Nem pretendiam que o primeiro dia suplantasse o sétimo.”
[Págs. 17 e 41.]
“As Escrituras não denominam, em nenhum lugar, ao primeiro dia da semana como sábado… Não há autorização bíblica para fazê-lo, nem por lógica, ou por alguma obrigação bíblica.” [Do “The Watchman Examiner”.]
11) O sábado pode ser re-interpretado segundo a vontade de cada um?
Alguns crentes acham que eles mesmos é quem devem escolher o dia para o descanso e culto. O fato é que esta questão está obedecendo a conveniência das pessoas e não o que diz o claro “Assim diz o SENHOR”. Será que deve ser assim mesmo? Biblicamente, “o sétimo dia é o sábado do SENHOR” (Ex.20:10).
Mas, o que dizem autoridades religiosas dentre os batistas?
O Dr. Edward T. Hiscox, autor do Manual Batista, fez perante um grupo de ministros, na “Convenção Ministerial Batista”, em New York, no dia 13 de novembro de 1893, a seguinte declaração:
“Havia e há um mandamento para santificar-se o Sábado, mas aquele Sábado não era o domingo. Sem impedimento pode-se dizer, com mostras de triunfo, que o sábado foi transferido do sétimo ao primeiro dia, com todos os seus deveres, privilégios e santidades. Com ardente ansiedade, buscando informações sobre este assunto que tenho estudado durante muitos anos, pergunto: onde pode encontrar-se o arquivo desta transação? Não no Novo Testamento, absolutamente não. Não há evidência bíblica quanto à mudança do sábado do sétimo para o primeiro dia da semana.
“Desejo dizer que esta questão do sábado, deste ponto de vista, é o problema mais grave e desconcertante relacionado com as instituições cristãs, que presentemente chama a atenção dos cristãos; e a única razão por que o mundo cristão tem permanecido satisfeito com a convicção de que alguma ocasião, no começo da história cristã, foi feita uma mudança. …
“Parece-me inexplicável que Jesus, durante três anos de discussões com Seus discípulos, em muitas oportunidades conversando com eles sobre o sábado, abrangendo seus vários aspectos, livrando-o de todo seu falso brilho (supertições farisaicas), nunca aludiu à transferência desse dia; nem tampouco, durante os quarenta dias após Sua ressurreição, o insinuou. Também, tanto quanto sabemos, o Espírito Santo que lhes foi dado para recordar todas as coisas que Ele lhes havia dito, não tratou deste assunto.
Também não o fizeram os inspirados apóstolos, ao pregarem o evangelho, estabeleceram igrejas, aconselharem e instruírem as já estabelecidas, discutirem ou tratarem desse assunto.
“É claro que sei perfeitamente ter o domingo entrado em uso, como dia religioso, na história da
Igreja cristã… Mas é lamentável que tenha vindo com uma marca do paganismo e batizado com o nome de ‘dia do Sol’, então adotado e santificado pela apostasia papal e vindo como um legado sagrado ao protestantismo.”
Três dias depois o “The Watchman Examiner” (órgão batista de New York) fez menção desse discurso, descrevendo o intenso interesse manifestado pelos ministros presentes, e a discussão que se seguiu a sua apresentação.
12) Diante de tudo o que foi apresentado, qual deve ser a posição de cada ovelha do rebanho da IgrejaBatista ?
O que nos diz a Palavra de Deus?
Aquele pois que sabe fazer o bem e o não faz, comete pecado (Tg. 4:17).
A Bíblia Viva registra este texto da seguinte maneira:
Lembrem-se também de que, saber o que deve ser feito e não fazer, é pecado.
13) Como cristão sincero, nascido de novo pelo sangue de Cristo, qual vai ser a sua resposta ao Senhor Jesus?
A escolha é totalmente sua!
Aqui está a perseverança dos santos, daqueles que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. (Ap. 14:12).
Estudo Realizado por Marllington K. Will.