31 de março de 2013

O SIGNIFICADO DOS MANDAMENTOS NO CONTEXTO CRISTÃO

Os dez mandamentos eram leis que diziam como os israelitas deviam viver como uma nação. As leis vieram diretamente de Deus para Moisés e foram escritas em duas tábuas de pedra (veja Êxodo 230). Elas foram dadas a Moisés quando ele se encontrou com Deus no Monte Sinai durante o tempo em que os israelitas vagaram pelo deserto. Esses mandamentos eram uma aliança entre Deus e seu povo. Eles significavam o relacionamento e a promessa de amor e orientação de Deus. Essas leis foram feitas para ajudar os israelitas a se darem bem juntos e manter a sua adoração ao único Deus verdadeiro. Deus deu esses mandamentos duas vezes aos israelitas. Moisés quebrou as primeiras tábuas num surto de ira quando viu os israelitas adorando um ídolo, um bezerro de ouro. Depois disso Deus deu os mandamentos a ele novamente (veja Êxodo 33:1 e 34:1). No Novo Testamento, Jesus diz que ele veio para cumprir os mandamentos. A aliança entre Deus e seu povo não é mais baseada na obediência aos mandamentos, mas no relacionamento com Cristo.
OS ANTECEDENTES BÍBLICOS DOS MANDAMENTOS
Os dez mandamentos são relatados duas vezes no Velho Testamento: a primeira vez no livro de Êxodo (Êxodo 20:2-17), na passagem que descreve o presente de Deus a Israel, e a Segunda vez em Deuteronômio (Deuteronômio 5:6-21), no contexto de uma cerimônia de renovação da aliança. Moisés lembra o seu povo da substância e do significado dos mandamentos, enquanto eles renovam a sua lealdade à aliança com Deus. Na língua original, os mandamentos são chamados de "as dez palavras". De acordo com o texto bíblico, eles são "palavras" ou leis, ditas por Deus, não o resultado de um processo legislativo humano. É dito que os mandamentos são escritos em duas tábuas. Isso não significa que havia cinco mandamentos em cada tábua. Ao invés disso, todos os dez estavam escritos nas duas tábuas, a primeira pertencia a Deus que deu a lei, e a segunda pertencia a Israel que recebeu as leis. Os mandamentos tratam com duas áreas básicas da vida humana. As cinco primeiras dizem respeito ao relacionamento com Deus, e as cinco últimas ao relacionamento entre os seres humanos.
O CONTEXTO DOS MANDAMENTOS
Os mandamentos são inseparáveis da aliança. Deus garantiu o seu comprometimento com Israel e em retorno ele impôs certas obrigações sobre o povo israelita. Apesar das obrigações de Israel serem expressas detalhadamente mais pra frente, a expressão mais precisa e sucinta é dada nos Dez Mandamentos. Os mandamentos listaram os princípios mais fundamentais da lei hebraica. As leis detalhadas que estão no Pentateuco, na maior parte, aplicam os princípios em situações específicas. Desta maneira, o papel dos dez mandamentos na Israel antiga era de dar direção a um relacionamento. Eles não deveriam obedecer só por obedecer ou para ganhar algum tipo de crédito, mas sim para descobrir a riqueza e a plenitude de um relacionamento com Deus. Os mandamentos não eram meramente um código de ética ou conselho moral. A aliança era entre Deus e uma nação; os mandamentos eram diretamente direcionados a vida daquela nação e seus cidadãos. Conseqüentemente, o papel inicial dos mandamentos era parecido com aquele de uma lei criminal numa nação moderna. Israel era uma teocracia, uma nação cujo rei era Deus (Deuteronômio 33:5). Os mandamentos proporcionavam orientação aos cidadãos da nação. Então, infringir um mandamento era cometer um crime contra a nação e contra o governador desta nação, Deus. As penalidades eram severas, pois quebrar um mandamento ameaçava a relacionamento da aliança e a existência continua da nação.
 
Os mandamentos começam com um prefácio (Êxodo 20:2; Deuteronômio 5:6) que identifica Deus, que deu os mandamentos a um povo com quem ele já tinha um relacionamento. A pessoa que da a lei é o Deus do Êxodo, que redimiu o seu povo da escravidão e os deu a liberdade. Os mandamentos foram dados a um povo que havia sido redimido; eles não foram dados para alcançar a redenção. Há algumas variações na numeração dos mandamentos. De acordo com alguns sistemas, o prefácio é identificado com os primeiros mandamentos. Parece preferível no entanto, entender as palavras de abertura como um prefácio para os Dez Mandamentos.
 
JESUS E OS DEZ MANDAMENTOS
1. O primeiro mandamento diz: "não terá outros deuses diante de mim." Êxodo 20:3 O que Jesus disse: "Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás." Mateus 4:10
2. O segundo mandamento diz: ".Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra." - Êxodo 20:4 O que Jesus disse: "Ninguém pode servir a dois senhores" - Lucas 16:13
3. O terceiro mandamento diz: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão;" - Êxodo 20:7 O que Jesus disse: "de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;" - Mateus 5:34
4. O quarto mandamento diz: "Lembra-te do dia do sábado, para o santificar." - Êxodo 20:8-10 O que Jesus disse: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor." - Marcos 2:27-28
(cf. Lucas 4:16).
 
5. O quinto mandamento diz: "Honra a teu pai e a tua mãe" - Êxodo 20:12 O que Jesus disse: "Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim" - Mateus 10:37
6. O sexto mandamento diz: "Não matarás" - Êxodo 20:13 O que Jesus disse: "aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo" - Mateus 5:22
7. O sétimo mandamento diz: "Não adulterarás" - Êxodo 20:14 O que Jesus disse: "aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela." - Mateus 5:28
 
8. O oitavo mandamento diz: "Não roubarás" - Êxodo 20:15 O que Jesus disse: "e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;" - Mateus 5:40
9. O nono mandamento diz: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" - Êxodo 20:16 O que Jesus disse: "Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo." - Mateus 12:36
10. O décimo mandamento diz: "Não cobiçarás..." - Êxodo 20:17 O que Jesus disse: "Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui." - Lucas 12:15.
José Carlos Costa, pastor

30 de março de 2013

E quando Deus não tem artigo?

Em grego, a palavra artigo é “αρθρον” (artron). Portanto, “anartro” é a designição para uma palavra desacompanhada de artigo. Nesse artigo iremos observar os usos anartros de θεος no Novo Testamento. A intenção é notar os modos como esse substantivo é usado sem artigo para verificar se a acusação dos Testemunhas de Jeová sobre o uso anartro em João 1:1c é verdadeira.

A acusação é simples: Como em João.1.1c (e o Verbo era Deus – TNM - Tradução Novo Mundo) João usa o substantivo θεος sem artigo ele não estaria a fazer indicação de que o Logos é Deus, e portanto traduzem como um deus. Para sustentar essa opinião afirmam que sempre que o substativo θεος é usado sem artigo ele não faz referência ao Deus Pai, ou a Jeová como eles preferem dizer.
A questão, portanto, é: Suporta o Novo Testamento esta visão? Todos os usos anartros de θεος não são referências a Deus?  É isto verdadeiro? É isso que vamos verificar.
No Novo Testamento o substativo θεος é usado cerca de 1319 vezes sendo que aproximadamente 283 vezes ele acontece sem artigo. É interessante notar que apenas em 16 ocasiões a TNM traduz o termo ou de modo indefinido, qualitativo ou plural. Ou seja, em apenas seis por cento das vezes a TNM é fiel ao princípio que defende em João1:1.
Se observado atentamente, notar-se-á que o substantivo θεος anartro no Novo Testamento é usado de quatro modos diferentes: (1) Quando uma clara relação de contraste entre o que é humano, terreno, e o que é divino celestial; (2) quando a expressão está na boca de um não cristão ou um judeu (3) quando uma qualidade ou atributo de Deus é anunciado; (4) quando se usa o termo como nome próprio. Há largas evidências dessas distinções no Novo Testamento e abaixo, consideraremos alguns desses casos.

1. Relação de Contraste

Quando a divindade é contrastada com o que é humano, ou com o universo como distinto do Seu Criador, ou com a natureza ou com os atos dos espíritos malignos o Novo Testamento pode empregar o substantivo θεος anartro.
Um exemplo bem interessante desse tipo de uso no NT é encontrado em Rm.8:7-9
Rom 8:7-8: “διότι τὸ φρόνημα τῆς σαρκὸς ἔχθρα εἰς Θεόν· τῷ γὰρ νόμῳ τοῦ Θεοῦ οὐχ ὑποτάσσεται· οὐδὲ γὰρ δύναται· οἱ δὲ ἐν σαρκὶ ὄντες Θεῷ ἀρέσαι οὐ δύνανται”
A TNM assim verte o texto: “por que a mentalidade segundo a carne significa inimizado com Deus, visto que não está em sujeição a Deus, de fato, nem pode estar. De modo que os que estão em harmonia com a carne não podem agradar a Deus[1].
Nesse caso notamos que a distinção entre o que é de Deus e humano é tão clara que poderia-se dizer que o artigo não é necessário. Mais interessante do que isso é que a TNM entende que, mesmo anartro, θεος aqui é uma referência a Deus Pai (Jeová para eles).
Vamos observar um outro caso onde isso é evidente:
Mateus 4.4
(GNT) ὁ δὲ ἀποκριθεὶς εἶπε· γέγραπται, οὐκ ἐπ᾿ ἄρτῳ μόνῳ ζήσεται ἄνθρωπος, ἀλλ᾿ ἐπὶ παντὶ ῥήματι ἐκπορευομένῳ διὰ στόματος Θεοῦ.
(TNM) Mas ele disse em resposta: Está escrito: O homem tem de viver, não somente de pão, mas de cada pronunciação procedente da boca de Jeová[2]
Esse verso é especial, pois Jeová é a tradução de θεος anartro. Não há dúvidas que a TNM entende que esse uso anarto é uma referência a Deus Pai. Esse tipo de ocasião acontece diversas vezes no NT, confira: Mt.6.24; 19.26; Lc.12.21; At,5.29; Rm 9.5; 1Co.10.20.

2. Voz de judeus e pagãos

Quando não cristãos falam de Deus, isso pode acontecer sem artigo. Se observarmos as ocasiões em que um não cristão não judeu usa o termo θεος veremos que ele o faz sem artigo. Observe:
Act 12:22
(GNT) ὁ δὲ δῆμος ἐπεφώνει· Θεοῦ φωνὴ καὶ οὐκ ἀνθρώπου.
(TNM) O povo reunido por sua vez, começou a gritar: A voz de um deus e não de homem.
Este é um caso interessante: A multidão aclama Herodes deus enquanto está acentado na cadeira do juiz, fazendo discurso publico. É bem provável que alguns judeus fizessem parte dessa multidão, até por que Flávio Josefo descreve que alguns dos judeus tinha essa percepção sobre Herodes:
“And presently his flatterers cried out, one from one place, and another from another (though not for his good), that he was a god; and they added, ‘Be thou merciful unto us; for although we have hitherto reverenced thee only as a king, yet shall we henceforth own thee as a superior to mortal nature”
Mas, eu gostaria de charmar a sua atenção para o fato de que tanto θεος quanto ἄνθρωπος estão sem artigo, mas são traduzidos de modo diferente pela TNM. Não haveria qualquer demérito em dizer um homem, mas é ao menos interessante que essa tradução evitasse usar um modo de tradução que para eles é tão fundamental em João 1:1.
Noutras ocasiões, os apóstolos são confundidos com divindades gentílicas após realizarem alguns atos que os não cristãos não judeus não teriam entendido. Observe:
Act 28:6
(GNT) οἱ δὲ προσεδόκων αὐτὸν μέλλειν πίμπρασθαι ἢ καταπίπτειν ἄφνω νεκρόν. ἐπὶ πολὺ δὲ αὐτῶν προσδοκώντων καὶ θεωρούντων μηδὲν ἄτοπον εἰς αὐτὸν γινόμενον, μεταβαλόμενοι ἔλεγον Θεόν αὐτὸν εἶναι.
(TNM) Mas eles esperavam que fosse inchar com uma inflamação ou cair repentinamente morto. Depois de terem esperado por muito tempo e terem observado que nada nocivo lhe acontecia, mudaram de idéia e começaram a dizer que ele era um deus
Esta é uma declaração interessante: diante de uma crença politeísta, alguém afirmar que uma pessoa é um deus não é contraditória com a sua própria crença. A situação a que Paulo tinha sido exposto na ocasição, fez com que aqueles não cristãos que não tinham um pano de fundo judaico ou monoteísta pensassem que Paulo era uma divindade na terra. Essa não era a primeira ocasião que isso acontecia com Paulo:
Atos 14:11
(GNT) οἱ δὲ ὄχλοι ἰδόντες ὃ ἐποίησεν ὁ Παῦλος ἐπῆραν τὴν φωνὴν αὐτῶν Λυκαονιστὶ λέγοντες· οἱ θεοὶ ὁμοιωθέντες ἀνθρώποις κατέβησαν πρὸς ἡμᾶς·
(TNM) E as multidões, vendo o que Paulo tinha feito, elevaram suas vozes, dizendo na língua licaônica: Os deuses tornaram-se iguais a humanos e desceram a nós.
É bem interessante que nesse caso o texto grego ofereça o artigo definido para descrevê-los. Sabe-se que diante do panteão gentílico, Zeus e Hermens não eram os únicos deuses e portanto o artigo definido aqui não é um modo de apresentar a exclusividade desses dois deuses.
Considerando essas situações é observável que para gentios, a ideia de um deus entre muitos não é minimamente problemática e parece que era isso que eles estavam a ver em ambas as ocasiões cf. At.5.39; 17.23).
Contudo, temos que considerar com mais cautela quando vemos a declaração de um judeu a usar o vocábulo θεος anartro. Nalgumas ocasiões a presença de Jesus entre os judeus as opiniões eram contraditórias, observe:
João 9:16
(GNT) ἔλεγον οὖν ἐκ τῶν Φαρισαίων τινές· οὗτος ὁ ἄνθρωπος οὐκ ἔστι παρὰ Θεοῦ, ὅτι τὸ σάββατον οὐ τηρεῖ. ἄλλοι ἔλεγον· πῶς δύναται ἄνθρωπος ἁμαρτωλὸς τοιαῦτα σημεῖα ποιεῖν; καὶ σχίσμα ἦν ἐν αὐτοῖς.
(TNM) Portanto, alguns dos fariseus começaram a dizer: Este homem não é de Deus por que não observa o sábado. Outros começaram a dizer: Como pode um homem, que é pecador, realizar sinais desta sorte. De modo que havia uma divisão entre eles.
A visão que os judeus tinham a seu respeito era clara: ele era um homem. Entretanto, os religiosos  viam-no como alguém que não era de Deus, pelo fato de que, do ponto de vista deles, Jesus não guardava o sábado. Contudo, alguns, vendo o que ele fazia não poderiam acreditar que um homem pecador pudesse realizar o que Ele realizava.
É interessante nesse caso que embora o texto traga o verbo θεος anartro, é clara a referência a Deus Pai (Jeová). Como monoteístas não faria sentido aos judeus imaginar que Jesus não era de alguma divindade pagã, mas o texto teria todo sentido se se falasse de Jeová. O fato de θεος estar sem artigo não desmerece a referência a Deus feita nesse verso (cf. Jo-ao 9:24).
É por isso, que pouco à frente no texto vemos um uso interessante do mesmo vocábulo:
João 10:33
(GNT) ἀπεκρίθησαν αὐτῷ οἱ ᾿Ιουδαῖοι λέγοντες· περὶ καλοῦ ἔργου οὐ λιθάζομέν σε, ἀλλὰ περὶ βλασφημίας, καὶ ὅτι σὺ ἄνθρωπος ὢν ποιεῖς σεαυτὸν Θεόν.
(TNM) Os judeus responderam-lhe: Nós te apedrejamos, não por uma obra excelente, mas por blasfêmia, sim, por que tu, embora sejas homem, te fazes deus.
Nesse texto temos que fazer algumas observações:
  1. Embora o substantivo θεος esteja desacompanhado de artigo, os tradutores não ousaram verter esse texto com o acréscimo do artigo indefinido. É válido dizer que o acréscimo desse artigo

29 de março de 2013

O que dizer do problema textual de João 1.18?

Um dos problemas textuais mais controveros é provavelmente o encontrado em João.1:18. Liberais e Ortodoxos têm as suas impressões sobre ele, e todos tem os seus motivos bem declarados. Aos que têm em mãos várias versões bíblicas já puderam perceber as possíveis leituras desse texto:

“Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” (ACF)
“Nenhum homem jamais viu a Deus, o deus unigênito, que está [na posição] junto ao seio do Pai, é quem o tem explicado” (TNM)
“Ninguém jamais viu a Deus: O Filho Unigênito que está no seio do Pai, este o deu a conhecer” (BJ)
“Ninguém nunca viu a Deus. Somente o Filho único, que é Deus e está ao lado do Pai, foi quem nos mostrou” (NTHL)
“Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do Pai, é quem o revelou” (ARA)
“Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (NVI)
“A Dios nadie Le vio jamás; el unigênito Hijo, que está em el seno del Padre, el Le há dado a conocer” (ACR)
“Dios nadie lo ha visto nunca; el Hijo unigénito, que es Dios y que vive en unión íntima con el Padre, nos lo ha dado a conocer” (NVI)
“No man hath seen God at any time; the only begotten Son, which is in the bosom of the Father, he hath declared him” (KJV)
“No one has ever seen God, but God the One and Only, who is at the Father’s side, has made him known” (NIV)
“No one has ever seen God. The only Son, God, who is at the Father’s side, has revealed him” (NAB)
“No one has ever seen God. The only one, himself God, who is in the presence of the Father, has made God known” (NET)
Diante da diversidade das versões, mesmo em português, nos perguntamos: Qual dessas traduções traz a leitura correta? O que é fato assumido como certeza nessa discussão é que apenas uma das leituras variantes pode ser a original. Provavelmente, essa é a única certeza que temos quanto a esse dilema textual[1].
A disputa nesse verso está entre cinco leituras encontradas em manuscritos gregos:
  1. monogenes théos: lit. Deus Unigênito
  2. ho monogenes théos: lit. o Deus Unigênito
  3. ho monogenes uiós: lit. o Filho Unigênito
  4. monogenes uiós theou: lit. Filho Unigênito de Deus
  5. ho monogenes: lit. o Unigênito
Muito embora sejam cinco as leituras variantes, normalmente tomam-se apenas como duas opções de fato: as duas primeiras testemunham a mesma leitura enquanto a quarta e a quinta são tão improváveis (do ponto de vista das evidências externas) que quase não são consideradas. Sobre isso iremos falar mais adiante. Por ora, vamos conhecer melhor as leituras disponíveis e os documentos que trazem tais leituras.

1. Identificando as possíveis variantes

Brian J. Write sobre o assunto diz: “Todas as variantes (…) são divididas em dois grupos distintos ou lendoυἱὸς ou θεὸς. Se a última opção é escolhida, a decisão final depende da presença ou ausência do artigo[2]”. De qualquer forma, é importante que se diga que, para a Teologia do Novo Testamento, ambas as leituras não trazem dificuldade alguma[3], [4].
É interessante que um dilema tão difícil como esse possa ter nascido na alteração de apenas uma letra. Nos antigos unciais acontece um fenômeno bem recorrente que é o uso da Nomina Sacra, que nada mais é do que a abreviação das formas substantivas relacionadas à divindade. No caso, θεὸς e υἱὸς eram escritos como θC e UC respectivamente. Ou seja, a simples troca de U por θ seria capaz de produzir tal mudança[5]. Para demonstrar como esse fato, veja abaixo a foto do Códice Vaticano e do Washingtonensis nesse trecho[6]:
Jo118Jo118 (W)
Entretanto, apesar de parecer muito simples e sutil essa alteração, as evidência demonstram que a compreensão de como isso poderia ter acontecido é muito mais complexo. A questão não limita-se apenas à alteração de uma letra, mas de como ela aconteceu: Quando aconteceu a primeira alteração, para qual opção teria sido? Por que razão? Era uma defesa ou ataque teológico? Será que trata-se de uma corrupção do texto original influenciado pelas heresias? Seria uma alteração apologética feita pelos ortodoxos? É possível que tenha acontecido por desatenção?
Ao certo, a resposta a essas perguntas depende da análise crítica das variantes, e é necessário que se diga que por mais acurada que uma análise possa ser, ela não é a garantia da verificação da verdade: Trata-se apenas de uma tentativa de compreender a verdade expostas nesses dilemas.
O primeiro passo que tomaremos nesse estudo é o reconhecimento das variantes textuais. Abaixo separo cada uma das variantes com os documentos que as suportam:
Leituras Possíveis[7] Documentos
μονογενὴς θεὸς
Deus Unigênito
p66 א* B C* L pc syrp syrh(mg) geo2Diatessarona Valentiniansaccording to Irenaeus Valentiniansaccording to ClementPtolemy Heracleon Origengr(2/4)Ariusaccording to Epiphanius Apostolic Constitutions Didymus Ps-Ignatius Synesiusaccording to Epiphanius Cyril1/4
ὁ μονογενὴς θεὸς
O Deus Unigênito
p75 א2 33 pc copbo Theodotusaccording to Clement(1/2) Clement2/3 Origengr(2/4)Eusebius3/7 Serapion1/2 Basil1/2 Gregory-Nyssa Epiphanius Cyril3/4
ὁ μονογενὴς υἱὸς
O Filho Unigênito
A C E F G H K Wsupp X Δ Θ Π Ψ 063 0141 f1 f13 28 157 180 205 565 579 597 700 892 1006 1009 1010 1071 1079 1195 1216 1230 1241 1242 1243 1253 1292 1342 1344 1365 1424 1505 1546 1646 2148 Byz Lect ita itaur itb itc ite itf itff2 itl vg syrc syrhsyrpal arm eth geo1 slav Theodotusaccording to Clement(1/2) Theodotus Irenaeuslat(1/3)Clement1/3 Tertullian Hippolytus Origenlat(1/2) Letter of Hymenaeus Alexander Eustathius Eusebius4/7Hegemonius Ambrosiaster Faustinus Serapion1/2 Victorinus-Rome Hilary5/7Athanasius Titus-Bostra Basil1/2 Gregory-Nazianzus Gregory-Elvira Phoebadius Ambrose10/11 Chrysostom Synesius Jerome Theodore Augustine Nonnus Cyril1/4 Proclus Varimadum Theodoret Fulgentius Caesarius John-Damascus Ps-Priscillian ς
μονογενὴς υἱὸς θεοῦ
Filho Unigênito de Deus
itq (copsa? θεὸς) Irenaeuslat(1/3)Ambrose1/11(vid)
ὁ μονογενὴς
O Unigênito
vgms Diatessaron Jacob-Nisibis Ephraem Cyril-Jerusalem Ps-Ignatius Ps-Vigilius1/2Nonnus Nestorius
Tendo demonstrado quais são as leituras variantes e os documentos que a suportam, gostaria de apresentar como se tem interpretado as evidências disponíveis. A verdade é que, diferentes teólogos têm interpretado de modo diferente as evidências disponíveis, e conhecer seus argumentos certamente enriquecerá nosso entendimento do dilema.

2. Posições Conhecidas

A. Velha Ortodoxia

Nesse artigo, passo a chamar Velha Ortodoxia o posicionamento de cristãos ortodoxos que defendem ou o Texto Recebido (TR) ou o Texto Majoritário (TM) e são normalmente favoráveis à leituras mais Bizantinas. Chamo velho não por estarem desatualizados, nem por representarem uma determinada faixa etária, mas por se tratar de um grupo que tem perdido sua expressão com o avanço do Texto Crítico. Os defensores do TR são certamente cristãos genuínos que por zelo (eventualmente exagerado) tendem a considerar a influencia Alexandrina no texto do NT como fermento e corrupção. E, portanto, entendem toda aproximação dos textos alexandrinos como perversão da verdade[8].
Para esse grupo a leitura “Deus unigênito” é uma perversão. Wilburn Pickering, que escreveu um excelente livro sobre crítica textual[9], defende essa posição. Segundo ele, nesse texto uma anomalia séria é introduzida, pois “Deus como Deus, não é gerado”. Sobre o assunto ele diz:
’Um deus unigênito’ é tão deliciosamente gnóstico que a origem egípcia aparente desta leitura a faz duplamente suspeita. Também seria possível traduzir a segunda leitura como “unigênito deus!”, enfatizando a qualidade [de ser Divino], e isto tem atraído muitos que aí vêem uma forte afirmação da divindade de Cristo. No entanto, se Cristo recebeu Sua “Divindade” através do processo de geração, então não pode ser a eternamente preexistente Segunda Pessoa da Trindade. Também “unigênito” não é análogo a “primogênito”, que se refere à prioridade de posição — isto poria o Filho acima do Pai. Não importa como a encaremos, a redação da UBS introduz uma anomalia séria[10]
Em outras palavras, o que Pickering quer dizer com isso é que, a anomalia produzida acresce uma pessoa à Trindade, pois se o texto diz “Deus unigênito” não pode fazer referência a Jesus Cristo. Mas, o que me chama mais a atenção é que para ele, tal variante é deliciosamente gnóstica. Com isso, estamos falando de um copista alterando o texto para apoiar suas próprias convicções e com isso defendendo uma opinião gnóstica.
É interessante que para Pickering, o conceito de “monogenes” tem que significa mais que apenas

28 de março de 2013

É o Espírito Santo Uma Pessoa?

O que a Bíblia diz a respeito do Espírito Santo como pessoa? Não seria o Espírito Santo uma força ativa de Deus no mundo? Ou até mesmo uma personificação do próprio Deus? O que as escrituras realmente ensinam sobre o Espírito Santo?
Não há como se relacionar corretamente com o Espírito Santo nem entender sua obra ou conhecer o maravilhoso trabalho que realiza em nossas almas sem primeiro conhecê-lo como pessoa.
A. Importância da Doutrina da Pessoalidade do Espírito Santo
 Em primeiro lugar, a doutrina da pessoalidade do Espírito Santo é da mais alta importância para a adoração. Se o Espírito Santo é uma pessoa, e uma pessoa divina – como de fato é –, e nós não o conhecemos como tal, pensando que é apenas uma força ou uma influência impessoal (como acontece muito), então estamos roubando de uma pessoa divina a adoração que lhe é devida, o amor que lhe é devido, e a fé, a confiança, a entrega e a obediência que lhe são devidas.
 Em segundo lugar, a doutrina da pessoalidade do Espírito Santo é da mais alta importância do ponto de vista prático. Se você pensa no Espírito Santo como uma mera influência ou força, então estará sempre perguntando: “Como posso apossar-me do Espírito Santo para poder usá-lo?” Ou: “Como posso conseguir mais do Espírito Santo?”
 Mas se você o vê tal como a Bíblia o apresenta – uma pessoa de divina majestade e glória –, seu pensamento será: “Como o Espírito Santo poderá apossar-se de mim e usar-me?” “Como pode o Espírito Santo usufruir mais de mim?”
 Se você vê o Espírito Santo como uma influência ou força a ser obtida e da qual se deve tirar proveito, no momento em que achar que já o recebeu, fatalmente se tornará orgulhoso, andará com altivez, como se fizesse parte de alguma elite cristã. Mas se, ao contrário, você vê o Espírito Santo segundo o conceito bíblico, como uma pessoa divina de infinita majestade que vem habitar em nossos

A Trindade e a Criação


As escrituras são claras quando falam sobre a Criação e demonstram por fato que Deus Pai é ativo na criação: “No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gn.1.1); “Assim diz o Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a terra” (Is.44.24). O Deus criador é uma grande ênfase na revelação, até por que, esse reconhecimento estabelece por fato a superioridade de Yahweh aos outros deuses: Enquanto os deuses eram criados pela atividade criativa e desesperada do seres humanos (Is.44.14-17), Yahweh é o Supremo Criador dos seres humanos: “Porque todos os deuses dos povos são ídolos; mas o Senhor fez os céus” (Sl.96.5); “Os deuses que não fizeram os céus e a terra, esses perecerão da terra e de debaixo dos céus. Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu o mundo por sua sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus” (Jr.10.11-12).


É evidente nas escrituras que o Deus Pai seja o protagonista na obra da criação, mas é fundamental demonstrar que essa obra é também claramente reconhecida como obra do Filho e do Espírito Santo. O Novo Testamento é claro em demonstrar que Jesus Cristo é ativo na criação: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo.1.3); “porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl.1.16); “nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo” (Hb.1.2).
 
As escrituras também apontam para a Obra do Espírito Santo na criação: “A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas” (Gn.1.2). Alguns tem visto nessa afirmação apenas uma declaração de um poder ou atividade do próprio Deus, como se o Espírito de Deus fosse uma manifestação do próprio Deus. Entretanto, é importante reconhecer a terminologia empregada por Moisés aqui. O uso da expressão hebraica “ruach elohim” em outros lugares no Velho Testamento parecem sugerir que o autor fala de uma pessoa e não uma qualidade, especialmente por desempenhar funções que são atribuídas claramente ao Espírito Santo no Novo Testamento. Em Gn.41.38 o “ruach elohim” é apresentado  como aquele que estava em José em sagacidade e sabedoria. Em Ex.31.3 (cf. Ex.35.31) vemos o Senhor (YHWH) dizer a Moiséis que havia enchido Bezaleel com o “ruach elohim”. Certamente aqui, como no caso anterior, significa uma unção especial, uma comunicação especial de qualidades, que nesse caso se refere à sabedoria, conhecimento para exercer funções artísticas na construção do Tabernáculo. É interessante notar que no Novo Testamento o Espírito Santo seja o responsável por conduzir os cristão ao desempenho do serviço a Deus em situações de dificuldades (At.2.4; 4.31; 6.3). Em 2Cr.24.20 (cf. Nm.24.2; 1Sm.10.10; 19.20; 2Cr.15.1) vemos o “ruach elohim” ser usado para levar a Palavra de Deus. Essa manifestação especial de Deus para demonstrar sua palavra é claramente atribuída a ação do Espírito Santo no Novo Testamento: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo” (2Pe.1.21); “Aos quais foi revelado que não para si mesmos, mas para vós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos bem desejam atentar” (1Pe.1.12).


Outro detalhe que parece reforçar essa sugestão é o uso neotestamentário da palavra grega “pneuma” para descrever o Espírito Santo. O termo hebraico “ruach” também significa ar, respiração, vento como o termo neotestamentário “pneuma”. A equivalência desses dois termos nos faz pensar que os autores neotestamentários tinham razões léxicas e escrituristicas para preferirem o termo grego que usaram para descrever o “ruach elohim”. É interessante notar que a LXX trouxe a declaração, para Gn.1.2, como o “pneuma Theou” (o Espírito de Deus).


Assim sendo, é possível perceber outras ocasiões em que o “ruach” (pneuma; Espírito) é apresentado como criador: “Pelo seu Espírito clareou os céus e a sua mão traspassou a serpente fugitiva” (Jo.26.13): “O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida” (Jo.33.4); “Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes com pesos e os outeiros em balanças, Quem guiou o Espírito do Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou?” (Is.40.12).


Tendo admitido que a Trindade estava ativa na criação é importante lembrar que Filho e Espírito Santo não poderes manifestos de Deus, ou agentes intermediários, mas participantes ativos com o Pai na Obra da Criação. Portanto, podemos dizer que a Criação é uma Obra do Pai, por meio do Filho com o Espírito Santo.
continua
 

Pode Alguém Ser Salvo sem Crer na Trinadade?

Esta pergunta é extremamente pertinente, e para vou respondê-la em quatro etapas.
1. Ninguém pode ser salvo sem a Trindade.
Efésios capítulo 1 nos ajuda a compreender essa verdade de forma muito clara, pois as três pessoas da Trindade estão ativas na salvação dos homens. Deus Pai é responsável por todas as bênçãos celestiais e pela eleição e predestinação: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele, e em amor nos predestinou para ele, para a adopção de filhos” (Ef.1.3-5). Já o Filho é o meio (critério, instrumento) pelo qual essa eleição e predestinação é realizada: “nos predestinou para ele, para a adopção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef.1.5). Entretanto é em Cristo que temos a Redenção e Graça: “para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados” (Ef.1.6-7). E o Espírito Santo é a garantia de que essa salvação será terminada no futuro, pois é Ele quem sela o salvo: “em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória” (Ef.1.13-14). Essa breve exposição de Efésios capítulo um nos auxilia a compreender o papel de cada pessoa da Trindade na salvação do homem de modo que a afirmação inicial mostra-se verdadeira: Ninguém pode ser salvo sem a Trindade.
2. Uma pessoa pode ser salva sem entender a Trindade
Eu acredito que uma pessoa pode ser salva sem entender a Trindade. Não acredito que a salvação esteja restrita àqueles que compreendem corretamente a Trindade, ou a divindade como um todo. Esse é o caso das crianças que por depositarem sua fé em Jesus Cristo como seu Salvador estão salvas sem que mesmo tenham conseguido definir a Trindade. Ou seja, sofreram a ação da Trindade, muito embora não a possam explicar. Esse é o caso da pessoa simples que atende ao chamado eficaz da Graça de Deus, deposita sua fé em Cristo como exclusivo Redentor e está salvo, muito embora, a

27 de março de 2013

A Trindade no Novo Testamento?

 
Mt.3:16-17). Aquele que saiu da água foi chamado de Filho amado por uma voz que veio do céus quando o Espírito de Deus descia sobre ele. Nessa ocasião não vemos apenas três pessoas envolvidas em uma mesma situação, como as vemos em operações distintas.
Na cena do batismo de Cristo, vemos uma situação interessante: “Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”.
 
Situação semelhante é encontrada na promessa de nascimento de Cristo feita por Gabriel a Maria: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há-de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc.1:35). A palavra gr. Para altíssimo (hupsistós) quando não é usada para descrever um local alto, ou um elevado grau de honra, é usado apenas em referência a Deus (Heb.7:1; cf. At.16:17; 7:8; Lc.8:28).
Outra situação que apresenta essa mesma ideia é a ordem de Cristo: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28:19). Por que razão Cristo teria exigido que os cristãos que perpetuassem o ministério de Cristo deveriam batizar em nome do Espírito Santo se este não tem qualquer relação com o Pai e o Filho? Por que não

A Trindade no Antigo Testamento

 
A visão da teologia história sobre a Trindade no Velho Testamento é muito clara. Berkhof lembra que para alguns Pais da igreja a Trindade teria sido completamente apresentada no Velho Testamento ao passo que os arminianos afirmam que não há dessa doutrina no VT. Ele também considera as duas opções erradas e complementa: “O Antigo Testamento não contém plena revelação da existência trinitária de Deus, mas contém várias indicações dela“. É bem provável que Berkhof esteja certo, mas vamos observar o que o VT tem a informar sobre o assunto.
Normalmente a Trindade é defendida pela forma como Deus é apresentado no primeiro capítulo de Génesis. Alguns teólogos apontam para o fato de que a pessoa de Deus está descrita no plural (Elohim). Uma vez que os judeus têm lido esse texto durante séculos e não apontaram a existência de vários deuses, podemos considerar como uma situação interessante. McClaren sobre o assunto chegou a dizer: “O plural Elohim não é sobrevivência de um estágio politeísta, mas expressa a natureza divina na sua totalidade completa, incluindo uma pluralidade de pessoalidades“. Entretanto, Berkhof afirma que embora o plural contenha a ideia de pluralidade de pessoas, não aponta para sua tri-unidade.
Ainda no primeiro capítulo de Génesis uma expressão nos chama a atenção: “Façamos o homem” (v.26). Uma vez que vemos que existe uma pluralidade, não é de se espantar que use a primeira pessoa do plural para realizar algo tão majestoso como o homem. É bem verdade que é possível que esse plural seja um plural de excelência. Entretanto, é interessante perceber que os autores neo-testamentários entendiam que Cristo tenha sido ativo na criação: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Heb.1:1-2). Em João 1:3 ainda lemos: “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez“. Em nenhum momento vemos os autores neo-testamentários atribuírem tal ideia à Génesis capítulo 1, isso é bem verdade, mas isso parece subentendido no seu parecer.
Assim, não considero um exagero encontrar uma alusão à trindade aqui, até por que o Espírito de Deus também é mencionado nesse capítulo: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas” (Gén1:2). A ação atribuída aqui ao Espírito de Deus é muito interessante, pois, ainda que denote a ideia de sobrevoar ela também descreve uma forma de proteção. Em Deuteronómio 32:11-12, onde essa palavra é novamente usada, lemos: “Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas, assim, só o SENHOR o guiou, e não havia com ele deus estranho”. Considerando isso, é bem possível que essa seja uma alusão à participação criativa do ES no início, pelo menos essa é a opinião de Ryrie.
Outra situação, ainda em Génesis que merece nossa atenção é vista na cena da queda: “Então, disse o SENHOR Deus: Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente” (Gn.3:22). Uma vez que o autor dessa expressão é o mesmo que escreveu o shema de Deuteronómio 6:4, não podemos supor que ele entenda a existência de muitos deuses. Mais uma vez, a pluralidade de Deus ficou evidente, muito embora não delineada em quantidade ou diferença de pessoa. Mas será que no VT temos algum indicativo disso?
Para responder a essa indagação podemos citar um texto que parece elucidar essa questão: “Chegai-vos a mim e ouvi isto: não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isso vem acontecendo, tenho estado lá. Agora, o SENHOR Deus me enviou a mim e o seu Espírito” (Is.48:16). Essa parece uma indicação muito interessante da Trindade no Velho Testamento, uma vez que o texto fala do Messias como enviado da parte de Deus com o Espírito. Em outro caso, o Messias fala sobre sua unção do Espírito e de Deus: “O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados” (Is.61:1; cf. Lc.4:18). Isso parece deixar evidências nas páginas da teologia histórica que apontam para uma compreensão primitiva do conceito da Trindade. Essa conclusão está em acordo com a revelação progressiva das escrituras.
Até aqui, vemos que as escrituras defendem a doutrina da Trindade de modo muito peculiar. Por isso é importante se considerar a interação entre os dois testamentos e progressão da revelação. Para ilustrar esse princípio, cito mais uma vez Berkhof: “Se no Antigo Testamento Jeová é apresentado como o Redentor e Salvador de Seu povo (…) no Novo Testamento o Filho de Deus distingue-se nessa capacidade (…) E se no Antigo Testamento é Jeová que habita em Israel e nos corações dos que temem (…) no Novo Testamento é o Espírito Santo que habita na Igreja”. Assim, podemos ver que aquelas atividades que são apresentadas a Deus no Velho Testamentos são especificadas a pessoas diferentes no Novo Testamento e isso atesta tanto a divindade do Filho e do Espírito como sua própria unidade com Deus.

26 de março de 2013

O que queremos dizer com o termo Trindade?

Definições adequadas da natureza de Deus, a natureza da Trindade, e a pessoa e natureza de Jesus Cristo são pré-requisitos para entender as muitas Escrituras relativas à divindade de Cristo.
1. Deus:
As Escrituras ensinam que Deus é pessoal, inteligente, amoroso, justo, fiel, eterno, criativo, e em interacção dinâmica com Sua criação. Os atributos de Deus podem ser resumidos em dois grupos: atributos gerais e atributos morais. Robert Passantino declara “Deus [de acordo com seus atributos gerais] é sem igual, eterno, imutável, Omnipotente, omniscientes, omnipresente, trino, espiritual e pessoal”. Ele continua “os atributos morais de Deus incluem sua santidade, retidão, amor e verdade”. O cristianismo ensina que Deus sustenta e rege o Universo no presente, e, como nós tentaremos mostrar, foi encarnado em Jesus de Nazaré.
 
2. Trindade:
Fora de toda a realidade ou existência, só Deus é tripessoal ou trino. Quando dizemos que Deus é trino, estamos nomeando a visão de Deus derivada de um panorama de passagens das Escritura que descrevem a natureza pessoal de Deus. Por triúno, do qual vem a palavra “Trindade”, queremos dizer

Como Definir a Trindade?

Antes de podermos legitimamente defender ou criticar a doutrina da Trindade, devemos procurar compreendê-la. A maneira certa de começar esse esforço é definindo os nossos termos. Neste poste basearemos a nossa definição da Trindade no Credo de Atanásio.
 
A maneira mais simples de definir a Trindade é dizer que é um Deus em três pessoas. E assim, o Credo de Atanásio se refere àTrindade em termos de “um só Deus” e “três pessoas.” Mas é necessário expandir essa definição a fim de evitar mal-entendidos.
Os trinitários ou trinitaristas (os que crêem na Trindade) mantém com muita firmeza e sem meios-termos a fé num só Deus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três deuses. (Os mórmons que acreditam que são três deuses, alegam crer na Trindade, mas deixam muito claro que rejeitam qualquer forma da doutrina tradicional da Trindade.) O Credo de Atanásio deixa claro esse argumento repetidas vezes: “Não há, porém, três Deuses, mas um só Deus… De modo que somos proibidos pela fé católica [universal] de dizer que há três deuses ou três senhores.” O Deus adorado pelos trinitários é o Deus único e exclusivo; não reconhecem nenhum outro deus. Jesus não é outro deus lado a lado com Deus; Ele é Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo.
As Testemunhas de Jeová frequentemente criticam a Trindade como se essa doutrina negasse a unicidade de Deus. Por exemplo: Deve-se crer na Trindade? (1) expressa a opinião das testemunhas de Jeová: “… a doutrina da Trindade é falsa, que o Deus Omnipotente se destaca como um ser separado, eterno e todo poderoso” (pág. 3; doravante, as citações de páginas entre parênteses referem-se à brochura das Testemunhas de Jeová: Deve-se Crer na Trindade?). Mas os trinitários crêem que o Deus Omnipotente é o único ser separado e todo poderoso. O ensino bíblico de que “somente Deus é o Todo Poderoso, o Criador, separado e distinto de qualquer outra pessoa” (pág. 12), é considerado pelas Testemunhas de Jeová uma contradição da Trindade, mas, na realidade, concorda plenamente com ela. O escritor antitrinitarista, L. L. Paine, é citado com aprovação quando critica a doutrina da Trindade por afastar-se do “monoteísmo estrito” da Bíblia (pág. 12) – apesar do fato de sustentar o trinitarismo, rigorosamente, o monoteísmo (a crença num único Deus). Fazem a pergunta: “Será que honra a Deus chamar a alguém Seu igual?” (pág. 30), como se a Trindade ensinasse que Jesus era uma pessoa separada de Deus, porém igual a EIe, ao passo que a Trindade ensina que Jesus é Deus.
Ironicamente são as Testemunhas de Jeová que negam o monoteísmo. Acreditam que além do “único Deus verdadeiro” (João 17.3), e além dos muitos deuses falsos, existem muitas criaturas que são corretamente honradas como “deuses” abaixo de Jeová Deus.
 
Outro aspecto da unicidade de Deus é o fato de que não há separações, divisões ou repartições em Deus. A doutrina trinitarista sustenta que Deus é um ser infinito, único, que transcende os limites do espaço e do tempo, que não possui corpo material nem espiritual (a não ser o corpo que o Filho tomou sobre Si ao tornar-se homem). O Deus trino, portanto, não tem partes. Não se pode dividir em componentes a existência infinita. O Credo de Atanásio afirma que Deus não é dividido pelas três pessoas, quando declara que a fé trinitarista não aceita a possibilidade de “dividir a substância” (empregando “substância” no sentido da essência ou existência de Deus). As três pessoas, como consequência, não são três partes de Deus, mas três distinções pessoais dentro de Deus, cada uma das quais é integralmente Deus.
As Testemunhas de Jeová e outros antitrinitaristas frequentemente criticam a Trindade como se esta ensinasse ou subentendesse que o Pai, o Filho e o Espírito Santo fossem três partes, componentes, ou divisões de Deus. Nesse sentido, declaram que o Espírito Santo “Não é parte de uma Trindade” (pág. 22). A ideia de que Jesus fosse “parte de uma Trindade” é criticada como impossível (pág. 23). A palavra parte é empregue repetidas vezes na brochura das Testemunhas de Jeová para designar pessoas na Trindade. É levantado o argumento de que “se Deus fosse composto de três Pessoas” a Bíblia teria deixado claro o fato (pág. 13) – mas a Trindade nega que Deus seja “composto” de partes.
 
Por enquanto temos concentrado a nossa atenção em explicar a intenção dos trinitaristas ao declararem que a Trindade é “um só Deus.” Mas a declaração de que esse Deus único se refere a “três

25 de março de 2013

CONFORTO NA ALFIÇÃO

      1-    Está o povo de Deus isento de aflição?
Rª: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas.” Salmo 34:19.
2-    Como trata Deus os afligidos?
Rª: “…e que ouvisse o clamor dos aflitos.” Job 34:28.
3-    O que prometeu Deus aos que estão angustiados?
Rª: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.” Salmo 46:1.
4-    Com que sentimentos contempla o Senhor os Seus filhos?
Rª: “Como um pai se compadece dos seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem.” Salmo 103:13.
5-    Que sabe e de que Se lembra?
Rª: “Pois Ele conhece a nossa estrutura; lembra-Se de que somos pó.” Salmo 103:114.
6-    Que prometeu o Senhor ser para os oprimidos?
Rª: “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia.” Salmo 9:9.
7-    Que prometeu o Senhor aos Seus filhos quando passassem por provações e aflições?
Rª: “Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti.” Isaías 43:2.
8-    Que disse Deus a David com referência à aflição pela qual passava?
Rª: “Foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os Teus estatutos.” Salmo 119:71.
9-    Em aflição, porque orou David?
Rª: “Olha para a minha aflição e para a minha dor, e perdoa todos os meus pecados.” Salmo 25:18.
10- Antes de ser afligido, que fez ele?
Rª: “Antes de ser afligido andava errado, mas agora guardo a Tua Palavra.” Salmo 119:97
11- Que aprendeu Cristo por meio do sofrimento?
Rª: “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu.” Hebreus 5:8.
12- No aperfeiçoamento do carácter, qual é uma das ferramentas permitidas por Deus?
Rª: “E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correcção do Senhor, e não desmaies quando por Ele fores repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho.” Hebreus 12:5,6.
13- É essa correcção algo agradável no momento em que se sofre?
Rª: “Na verdade, toda a correcção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.” Hebreus 12:11.
14- Que ânimo e fortaleza, portanto, deveremos ter mesmo na hora da aflição?
Rª: “Portanto tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados.” Hebreus 12:12 – ver Job 4:3,4; Isaías 35:3.
15- Que disse Job em meio às suas aflições?
Rª: “Ainda que Ele me mate, n´Ele esperarei.” Job 13:15.
16- Como é Deus chamado nas Escrituras?
Rª: “O Deus de toda a consolação.” 2ª Coríntios 1:3.
17- A quem conforta Deus?
Rª: “Deus, que consola os abatidos.” 2ª Coríntios 7:6
18- Que promessa é feitas aos que choram?
Rª: “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.” Mateus 5:4.
19- Porque nos conforta Deus na tribulação?
Rª: “Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados de Deus.” 2ª Coríntios 1:4.
Nota: Quem tenha passado, ele próprio, pela tribulação e aflição, e recebido de Deus conforto, está mais habilitado para ministrar conforto a outros.
20- De que maneira nos deveremos relacionar com as tristezas alheias?
Rª: “Chorai com os que choram.” Romanos 12:15.
“Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão.” Job 6:14.
21- Condói-Se Deus das nossas aflições?
“Porque não temos um sumo-sacerdote que não possa compader-Se das nossas fraquezas; porém Um que, como nós, em tudo foi tentado.” Hebreus 4:15.
22- Como manifestou Deus a Sua comiseração no caso de Maria e os seus amigos que choravam pela morte de Lazaro?
Rª: “Jesus, pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-Se em espírito, e perturbou-Se, e disse: Onde o puseste? Disseram-Lhe: Senhor, vem e vê. Jesus chorou.” João 11:33-35.
Nota: não somente por Maria e seus amigos chorou Jesus. Olhando através dos séculos, viu as lágrimas e os sofrimentos que a morte produziria na humanidade neste mundo combalido pelo pecado. O Seu coração foi tocado pelo sofrimento humano, e chorou com os que choravam.
23- Independentemente do que aconteça, que bendita certeza possui toda a pessoa que ama a Deus?
Rª: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus.” Romanos 8:28.
Nota: Quando alguém ama a Deus, pode ter a certeza de que algum bem resultará de toda a provação e aflição.
24- Quando os nossos amigos são depostos no repouso da morte, com que palavras nos é dito que nos confortemos um aos outros?
Rª: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com Ele. …Porque o mesmo Senhor descerá do C+eu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com ele nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto consolai-vos uns aos outros com estas palavras.” 1ª Tessalonicenses 4:24-18.
25- Qual, disse o Senhor Jesus, seria a experiência do Seu povo neste mundo?
Rª: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo.” “Vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes; mas a vossa tristeza se converterá em alegria.” João 16:33 e 20.
26- Em que sentido será a colheita do povo de Deus diferente da sua sementeira?
Rª: “Os que semeiam em lágrimas ceifarão com alegria. Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos.” Salmo 126:5,6.
 
Apelo: Dedicai algum tempo cada dia para estar a sós com Deus e conversar; agrader-Lhe a luz do sol e a chuva, as flores e o perfume. Algum tempo para falar e sorrir a alguém; um copo de água dado com alegria. Não permita que os mil cuidados sufoquem a planta do amor. Então, a presença de Deus torna-se tão perceptível que se estendesse a mão n´Ele se pode tocar.
José Carlos Costa, pastor

Jesus - Nossa Esperança Viva



Quaisquer que sejam os reveses, podemos olhar para eles além de nós mesmo.“E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:14-16).


Quando os filhos de Israel estavam atravessando o deserto, rumo a Canaã, trouxeram sobre si os juízos de Deus ao murmurarem e reclamarem. Eles foram mordidos por serpentes ardentes e venenosas do deserto e foram atingidos pela morte. Um mensageiro passou pelo acampamento com a notícia de que um remédio fora provido. Pela orientação de Cristo, foi erguida uma serpente de bronze e aqueles que olhassem para ela seriam curados.


Quando essa mensagem foi anunciada, alguns dos enfermos e moribundos não a aceitaram Aqui e ali no acampamento se ouviam as palavras: “É impossível para mim ser curado porque estou em terrível condição. Aqueles que estão em melhor estado que o meu, talvez, podem olhar e viver. Outros criam ter seu próprio remédio para curá-los da picada venenosa da serpente; mas apenas aqueles que aceitaram a mensagem e olharam para a serpente de bronze foram curados. Essa serpente representava Cristo.


O homem está envenenado pelo pecado; mas foi provido um remédio para a raça caída no Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Toda esperança que temos da salvação fora de Cristo é esperança vã. Não podemos desonrar mais nosso Salvador do que duvidando de que Ele nos salvará. Qualquer que tenha sido nossa vida de transgressão, o quanto fomos manchados por nosso pecado, há Um que é capaz de salvar o pior pecador que vêm a Deus por meio dEle.


Jesus é o remédio para o pecado. Podemos ter intelecto, mas a inteligência humana não consegue divisar um meio para a salvação; podemos ter posses na terra, mas isso não proverá o resgate de nossa alma pecaminosa. A salvação é a dádiva de Deus por meio de Cristo e a promessa é: “Quem nEle crer não perecerá, mas terá a vida eterna”.


Não Basta a Fé Nominal
Não é suficiente ter uma fé nominal. Devemos ter fé que se aproprie do poder doador da vida para nossa alma. Sofremos grande perda porque não exercitamos a fé simples e viva em Cristo. Deveríamos poder dizer: “Ele é meu Salvador. Ele morreu por mim. NEle tenho meu Salvador e vida”. Devemos olhar para Cristo, a cada dia. Devemos considerá-Lo como exemplo em tudo. Isso é fé.


Honramos nosso Senhor e Mestre quando depositamos implícita confiança nEle. Se duvidarmos da mensagem que nos enviou, estaremos em posição semelhante à dos israelitas que foram picados pelas serpentes ardentes, e que não olharam e morreram. Se aceitamos a mensagem de amor vinda a nós por convites, exortações e reprovações provaremos a vida e a cura para nossa alma.


Não nos deveríamos satisfazer com nada menos que a íntima ligação com Cristo. A liberdade e a salvação nos são oferecidas e deveríamos nos apegar às preciosas promessas de Deus de vivermos pela fé. Porém, se cremos apenas parcialmente, se não mostramos em nossa experiência o poder de viver pela fé que opera pelo amor e purifica a alma, não cumpriremos a expectativa de nosso Senhor e Mestre. Jesus diz: “Sem mim nada podeis fazer”, mas se Ele habita em nós e nós nEle, podemos fazer todas as coisas mediante Seu poder. Devemos confiar nEle como a criança confia nos pais terreais. Deveríamos sentir tanto amor para com Ele que nos seria impossível trair Sua confiança em nós, ou entristecê-Lo sob quaisquer circunstâncias. Devemos ter o conhecimento da verdade como se encontra em Jesus.


Deveríamos ser como a mulher aflita que forçou sua passagem pela multidão para tocar a