6 de janeiro de 2013

O AMIGO



“O AMIGO considera o amigo como um fim em si mesmo, e o que faz pelo amigo não o faz por cálculo nem à espera de recompensa, mas de forma completamente desinteressada. Ora, como o outro amigo, por sua vez, cultiva atitudes semelhantes de acção desinteressada, a amizade revela-se essencialmente recíproca, enchendo a alma  de uma suave ventura, de uma satisfação tanto mais plena quanto não tiver sido pressuposta nem preparada … A amizade vai-se tecendo pouco a pouco, lentamente, sem causas, mediante uma atracção constante que intensifica o tratamento recíproco, depurando-o, limpando-o de todo o egoísmo, e acabando por ligar estreitamente as duas vidas em clara e serena colaboração vital. Cada um dos amigos ajuda o outro na empresa da vida … para cada um dos amigos é tarefa cordial e profunda ajudar o outro a realizar o seu ser e a sua essência, a viver a sua vida, mas sem tentar distorcê-la nem desviá-la através de canais impróprios, diferentes daqueles que o outro sonha para si.”
Manuel Garcia Morente