1 de julho de 2011

COMO DEIXAR DE FALAR DA VIDA ALHEIA

Se para deixar o vício de fumar, cinco dias de intensivo curso às vezes são suficientes, para romper com o vício da maledicência muitos dias mais seriam necessários, tanto é este vício mais insidioso e maligno que aquele. Verdadeiramente, maledicência é vício, mais víciante que o alcoolismo e o tabagismo. Pelo menos, parece muito mais fácil vencer o álcool e o fumo que vencer a tendência mórbida e diabólica de criticar a vida alheia! Exagero? De maneira alguma!
Tenho visto ébrios sem conta tornarem-se sóbrios e fumadores inveterados, aos magotes, romperem as algemas que os escravizavam; porém, quanto estamos informados são pouquíssimos os faladores contumazes que triunfam sobre a nauseante maledicência. Não exageramos ao dizer que apenas um de vinte mil alcança completa vitória. Pensando nesses sofredores infelizes que vegetam à sombra de quase todas as igrejas e que no íntimo anseiam pela libertação, e pensando nos imensos prejuízos que os tais têm causado a si mesmos, à obra de Deus, e a todos quantos têm a desdita de comungar com eles os mesmos horizontes, foi que senti-me inspirado a organizar este curso, que, modéstia à parte, é a última palavra sobre o assunto, posto ser intensivo, prático, de fácil compreensão e sobretudo, apoiado nas advertências divinas, que não deixam dúvida quanto ao destino daqueles que se alimentam do pecado do povo de Deus.
Como todo o post, porém, este também precisa ser seguido à risca para que os resultados sejam satisfatórios.
Não é fácil abandonar um hábito que já faz parte do caráter! Não é fácil cortar de vez o veneno, que através dos anos foi adicionado ao sangue do toxicómano. Não é fácil domar uma língua desenfreada, qual viveu sempre à solta, sem nunca ter sentido o efeito salutar de merecidas férias!
É possível recuperar o mais empedernido viciado, mas, quanto ao falador venal. . . que se estriba na sua santidade farisaica, para do alto de suas pretensões viver de dedo em riste, acusando e criticando todo a gente. . . a esperança de recuperação é mínima. Como, porém, cremos em milagres e como tudo é possível para aquele que crê, vamos fazer a tentativa!
Se não conseguirmos libertar de todo os casos graves e crónicos, temos a certeza de que muitos que ainda não ultrapassaram os limites da misericórdia divina beneficiarão com este tema.
O desabrochar da tendência para ver o lado bom das coisas e das pessoas bem como uma diminuição considerável de palavras más, de resmungos e observações maldosas, eis alguns dos resultados imediatos que poderão afinal conduzir o viciado para fora do submundo asqueroso, em que vive aquele que espalha contenda entre os irmãos! Vamos pois, com ânimo, coragem e fé, aproveitar este oportunidade, para romper de vez com este hábito pernicioso que tanta infelicidade tem trazido às familias e ao povo de Deus.
Aí vem o irmão X do seu longo giro para se desincumbir da tarefa que lhe confiamos. Vejamos como foi aceite o curso pelo nosso povo.
— Então, irmão X, como foram as matrículas?
— Pastor a coisa não foi muito fácil! Falar, toda gente fala mas ninguém quer ser classificado como falador. Matricular-se num curso desta natureza é confessar publicamente que tal pessoa se encontra contaminada pelo mal. Daí o senhor pode calcular o enorme trabalho que tive para conseguir alunos. Todavia depois que os mais corajosos se inscreveram, o povo perdeu o medo! Aqui estão os resultados! Veja estas fichas!
— Hum, irmão X, é mais gente do que eu calculei! E. . . estes, também se matricularam?
— Pastor, capriche! Vai a milhares o número dos seus alunos e há muita gente boa matriculada. Não sei como o senhor se arranjará para libertar toda essa gente em apenas cinco dias! O senhor não acha que o tempo é escasso?
— Irmão X, quem gastou anos e anos usando a língua para maldizer e criticar a não ser que se converta, jamais se libertará desse pecado! Eu, com este singelo curso viso apenas despertar do sono esses falsos cristãos, que a nossa frente são almas generosas, mas, a distância, por detrás, são canibais implacáveis, que destroem e matam sem piedade! Se com todo meu esforço conseguir arrancar um só que seja deste lamaçal, considero-me bastante recompensado e a Igreja será enormemente beneficiada.
— Pastor, eu não tinha idéia da gravidade deste pecado. Sempre pensei que criticar e falar mal da vida alheia fosse coisa sem importância, um passatempo
agradável, sem maiores conseqüências; mas depois que andei lendo o que diz o Espírito de Profecia em Testemunhos Seletos, Vol. 2, págs. 19-21, percebi que atrás do rasteiro disse-que-me-disse existem pecados ainda maiores! O senhor já leu este trecho?
— Li, irmão X. Este, e outros trechos do Espírito de Profecia me con-venceram que ou nós como um povo vencemos este pecado, ou este pecado nos aniquilará. Fato é que a salvação é individual e que cada um terá que dar conta de si mesmo a Deus. Mas este pecado é tão virulento, que não dana apenas aquele que o pratica. Os que ouvem o falador, os que em silêncio assistem o festim dos antropófagos consentem com o mal e são participantes da retribuição.
— Bem irmão X, já conversamos demais. A classe está ansiosa, espe-
rando a primeira lição. Sente-se aqui neste cantinho e assista em silencio as aulas que se seguirão.
Iniciaremos hoje, propriamente, nosso Curso Como Deixar de Falar da Vida Alheia. Serão dias de meditação, de jejum e oração pois esta casta de demônios não se expulsa apenas com argumentos.
É necessário que haja profundo arrependimento e genuína conversão para que esta erva má seja estirpada de nosso meio pela raiz.
Um homem jamais deixará de usar sua língua para o mal para açoitar os seus conservos, enquanto não nascer de novo no reino de Deus. O velho homem é sempre mau, esteja êle adornado com a aparência de piedade ou vestido de andrajos em sua simplicidade brutal! Mau de obras, mau de pensamentos, mau de palavras, mau de intensões, mau, continuamente mau! E o pior de tudo é que esta maldade é comunicativa.
“Os ímpios são como o mar bravio que se não pode aquietar e cujas águas lançam de si lama e lodo,” esborrifando sujeira nos que se encontram próximos, como nos mais afastados e distantes.
O ímpio tem prazer em propagar as faltas que descobre num irmão, como quem se alegra ao saborear um delicioso manjar. Se, porém, não as descobre, cria-as na imaginação como o fêz no Céu, o rei e pai da mentira, patrono e protetor de todos os boateiros.
— Pastor, com licença! Este tipo de pessoas existe na Igreja ou o senhor está se referindo ao ímpio que não conhece a Deus?
— Irmão X, na Igreja existe de tudo. A rede do Evangelho apanha peixes bons e maus e os traz a todos para o mesmo barco. Ninguém deve se escandalizar com isto! Esta é infelizmente, uma verdade várias vezes repetida nas Escrituras. O joio medra exuberante em meio ao trigal e os lobos se disfarçam em mansas e humildes ovelhas!
Acompanha hoje, o povo de Deus, em sua jornada para o Céu, como sempre o acompanhou através da História, uma mistura de gente, como aquela que acompanhou a Israel em sua jornada para Canaã; mistura de homens e mulheres que se envolvem com o pecado, eternos descontentes, murmuradores profissionais, caluniadores, atrevidos, desafeiçoados, implacáveis, sem domínio de si mesmos, cruéis, irreconciliáveis, que aprendem sempre sem jamais chegar ao conhecimento da verdade, tendo a aparência de consagração, para lhes servir de capa. (II Tim. 3:16.)
Estes são os que causam dissensões nas igrejas, resingões, hábeis curtidores de toda a espécie de raiz de amarguras, mestres em embalsamar e mumificar rancores e ressentimentos que resistem por gerações! Metalúrgicos especializados em fundir palavras abrasivas, temperadas e retemperadas na bigorna incandescente do despeito e da inveja. .. sempre dispostos a voltarem ao ponto, de onde nunca, jamais partiram, junto das panelas de carne e da idolatria do Egito.
Oh! Como nos alegraríamos neste Caminho e como faríamos estremecer a Terra se entre nós houvesse mais pessoas que soubessem escrever na areia os pecados de seus irmãos! E, quantas pedras cairiam das mãos dos modernos fariseus que insistem em purificar a Igreja atirando pedras e espargindo lama se pudéssemos ouvir o Senhor perguntar outra vez: “Onde estão os acusadores? Onde estão os santos, carregados de pedras? Onde estão os pseudo-reformadores que se alimentam do pecado do Meu povo e da maldade dele tem desejo ardente? (Oséias 4:8).
Senhor! Os acusadores, os santos carregados de pedra estão por aí espalhados entre os publicanos e pecadores, prontos a qualquer momento para apedrejar. Eles vêm à igreja, cantam e oram melodiosamente, mas trazem pedras nas mãos! Às vezes, chegam a ser estritos guardadores do sábado e dizimistas sistemáticos, mas não deixam de atirar pedras. Muitos deles, são ardorosos missionários e até percorrem o mar e a terra para fazer um prosélito e, depois de o terem feito, o fazem duas vezes mais filho do inferno do que eles mesmos o são (S. Mat. 23:15) porque lhes ensinam a tática diabólica usada pelo acusador dos irmãos: a tática de atirar pedras!
Eles estão por aí Senhor, erguendo aos céus mãos santas. . . carregadas de pedras sem saber que em vão Te adoram cegados pelo grande pecado da desumanidade do homem para com o homem. Enquanto parecem seguir princípios rijos como os dos puritanos e conservam uma aparência de santidade mais esmerada que a dos fariseus, levam pedras nas mãos para apedrejarem os pecadores! São homens e mulheres que conhecem a Bíblia, e se ufanam de pertencer ao Teu povo! Doutores da lei, versados em todo o conhecimento da dispensação mosaica para os quais a misericórdia é fraqueza e o perdão um aviltamento.
A estes, e a todos quantos chegam aos lábios a taça asquerosa da difamação e da maledicência, dirigimos humildemente este curso, na esperança de salvar alguns.
Decorem as seguintes passagens bíblicas para serem repetidas às refeições que virão naturalmente, após o jejum dos dias do curso. “Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios.”
Sal. 141:3. “O que guarda a sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre seus lábios tem perturbação.” Prov. 13:3.
Levante cedo e abra as janelas do entendimento para meditar nas seguintes grandes verdades:
- Pessoas superiores falam sobre princípios.
- Pessoas medianas falam sobre coisas.
- Pessoas inferiores falam sobre pessoas.
Cada um deve localizar-se, mediante acurado exame de consciência para saber em que faixa está operando.
- Superior?
- Mediana?
- Inferior?
Para fazer o curso é indispensável ser inferior, isto é, o curso destina-se aos grandes faladores. Os sãos não necessitam de médico e sim os doentes ( S. Mat. 9:12).
Pelos nossos cálculos, medindo as ondas. . . de boatos, sobe a milhares o número dos que vivem vida inferior. Se você é um deles, coragem! Nós estamos tentando empurrá-lo para cima! Coopere conosco! Não desista agora! Mais um pouco e você será outra criatura!
Passe o dia em profunda meditação analisando o papel que o falador desempenha na sociedade e na igreja.
Nós dizemos que a língua é um grande mal mas na realidade o mal está na cabeça, no entendimento. Do que há em abundância no coração (na mente) disto a língua se ocupa. (S. Mat. 12:34). Façamos pois um gargarejo de malva dos pensamentos adoçados com assuntos novos mais interessantes que as falhas e defeitos do próximo.
Leiam muito hoje. . . e sempre. Leiam pelo menos um livro por mês, além do estudo da lição e da leitura da Bíblia. “Mente vazia é oficina de Satanás.” E.G.W.
Não se esqueçam, porém, que apenas a cultura não evita o disse-disse. Existem grandes intelectuais cujas línguas cortam como navalha! A cultura só abranda a fera que há no homem se santificada pela verdade. Cultura sem Deus, estufa, envaidece e costuma criar as piores espécies de maldizentes que conhecemos. Cuidem bem disso! É preferível ser um maldizente ignorante a ser um maldizente culto. A ignorância limita o campo de ação e tem a vantagem de não merecer muito crédito. No primeiro dia, como também nos demais, não façam e nem recebam visitas. Isolem-se! Até aprenderem a ver o lado bom das coisas e das pessoas!
Pensamento:
Pode ser que seja duro mas estou decididamente resolvido a deixar de falar da vida alheia.
Procurem ir para cama cedo, ao anoitecer. Durmam pelo menos doze horas por dia! Se todos os faladores dormissem bastante, nosso pobre mundo teria mais paz! Voltem amanhã ao romper da aurora! Enquanto vocês dormem, nós estaremos trabalhando para lhes mostrar um caminho mais excelente, onde cessam o ruído das línguas e o crepitar das metralhas envenenadas.
A Lição de hoje será um estudo das origens pré-históricas do mal, para que nossos alunos possam analisar na fonte, as causas e conseqüências deste negrejante pecado, que através dos tempos vem amargurando o povo de Deus, retardando sua marcha, e enchendo de dor e tristeza os verdadeiros filhos da verdade.
Vamos, sem demora, aos fatos. A coisa aconteceu mais ou menos, assim:
Era um anjo de luz, forte, bonito, inteligente, que além, nos paramos da glória, junto à Administração Suprema do Universo, ocupava um importante posto de honra. Porém continuava ainda sonhando em subir mais, para um cargo superior.
Entretanto, não temos informações precisas quanto ao título que este ser egoísta, tão avaramente ambicionava. Talvez fosse, quem sabe, a presidência de uma União, de uma Associação ou Missão que lhe atiçasse o ego, ou talvez desejasse ardentemente ser o principal ancião da igreja, o diácono-chefe, ou um importante oficial da Escola Sabatina. Não importa o caso, o título em si, o fato é que a ambição virulenta existia em grande dose naquele invejoso coração, a ponto de levá-lo ao desatino, e à perda completa da razão, coisa comum entre os que sofrem manias de grandeza, e acordados, sonham com vanglorias.
Aproximava-se furtivamente o fim das eras, quando novas eleições se processariam no Universo, e ele, que se julgava um supercandidato, começou de maneira astuta, sorrateira e disfarçada, a promover sua campanha desleal entre os anjos, fazendo sentir a todos sua santa preocupação pelo estado geral das coisas, que como iam, dizia a velha raposa, não iam bem, mas que se um dia lhe fosse dado o poder, mostraria com sobejas provas, tudo quanto poderia ser amplamente melhorado, tal e qual certos manhosos que de quando em vez surgem entre nós.
Em sua política rasteira, em conversas nos lares que freqüentemente visitava, não deixava escapar a mínima oportunidade para criticar e condenar os “superiores,” método, aliás, ainda hoje muito em voga, usado por alguns que se dizem adventistas. . . .
Afinal, depois de longa espera, o dia tão sonhado chegou, e com ele, a decepção, a frustração, e todo um caudal de amarguras que costumam sofrer aqueles que se batem por posições.
Então, nosso herói, que parecia tão santo, tão consagrado, que sempre teve um bom conselho para os outros, e vivia a distribuir sorrisos e palmadinhas nas costas de todo o mundo, uma vez derrotado em suas pretensões, irou-se, e tirando de sobre os ombros a capa de cordeiro que sempre usou para esconder suas intenções de lobo, uivou encolerizado.
— Traição! Injustiça! Esta é a paga que recebo por todos os meus anos de fidelidade? É este o procedimento de uma comissão que se diz dirigida pelo Espírito Santo? Quem não viu que nesta eleição houve fraude, e flagrante protecionismo? E, cerrando os punhos, e olhando desdenhosamente na direção do Santuário, concluiu: — Hei de alertar os membros da congregação para mostrar-lhes o rumo que as coisas estão tomando nesta Igreja. . . .
Dito isto, célere como um pé de vento, partiu fuzilando em direção às mansões onde sabia ter fácil acolhida a mensagem de desconfiança e ódio, que pela primeira vez um ser levava no coração.
Na primeira casa que bateu, encontrou já reunido um grupo de condoídos simpatizantes, que comentavam acaloradamente os resultados da “Comissão de Nomeações.”
— Vocês viram? — perguntou ao entrar.
Atirando sobre uma mesa de cristal reluzente um calhamaço de relatórios, caiu esticado sobre um divã de safiras, cravejado de diamantes, e ali ficou por horas, suando frio, inconformado, contorcendo-se de inveja, como sempre acontece com todos os pretensiosos, em idênticas ocasiões. Por fim, fingindo recobrar as forças que simuladamente havia perdido, assentou-se com a cabeça entre as mãos, e olhando serenamente para o chão de ouro que refletia nitidamente o seu pérfido semblante, desabafou, mais ou menos, nestes termos:
— Não é por mim que me aflijo!
Não é o futuro de Lúcifer que está em jogo! Eu, todos sabem, nunca fiz questão de cargos (justamente como dizem entre nós, os ambiciosos). O que me aflige e me perturba é o futuro destas legiões enganadas, sem liberdade, sem vontade própria, sem direitos, dirigidas como autômatos, segundo a vontade de um Ditador! É claro que eu não podia ter sido eleito! Não pertenço à Família; não sou o Filho! Não sei bajular! Quem não percebeu a trama? Quem não sentiu que tudo estava adrede preparado? Ah! se todos pudessem compreender o que está por trás de tudo isto!
E, assim, de casa em casa, de mansão em mansão, foi semeando a dúvida, a desconfiança, o ódio, e por fim a rebelião, até que um dia, surpreendeu-o nesta funesta obra, um anjo bom e leal.
— Como? — perguntou-lhe o representante do direito. — Você põe em dúvida as intenções e o caráter do nosso Rei, pelo simples fato de não ter sido escolhido para principal ancião? Paciência, irmão! Afinal de contas na Igreja não existe cargo vitalício! Outros também necessitam ter uma oportunidade para desenvolver os talentos, e é maravilhoso que isto seja assim. Já pensou como seria maçante se um Campo ou uma igreja tivessem sempre à frente, eternamente, as mesmas pessoas? Aconselho-o a parar com esta campanha indigna, e humilhar-se diante do nosso Deus. Todos nós sabemos da Sua infinita misericórdia e bondade. Mesmo você, que parece ter ido longe demais, se for sincero e honesto em sua confissão e arrepender-se, certamente encontrará perdão.
— Fora daqui com suas angélicas sugestões! Eu humilhar-me? Eu retratar-me? Eu? Eu? Eu? Nunca, jamais! Chega de humilhações! Basta e servilismos! Anos e anos servi como diácono, depois como ancião, sempre atrelado à canga como boi de carro, para afinal receber um chute, como recebi? Voltar atrás? Pôr meu pescoço debaixo do jugo, para amanhã ser encostado outra vez, como um simples membro leigo? Não! Jamais!
— Vejo — insistiu o embaixador celeste — que você tem uma compreensão bastante distorcida dos cargos da Casa do Senhor. A Igreja, irmão, não é uma monarquia onde os títulos são hereditários e eternos, e onde as castas se dividem por faixas de inveja e rancor. Tampouco é uma república socialista, onde todos se esganam por uma beirada, e onde os homens, na ânsia de subir, fazem de seus próprios camaradas, degraus para ascender. Igreja é família, é amor, fraternidade, onde os cargos significam mais responsabilidade e serviço, sem galões, sem títulos, sem grandezas, porque os sentimentos de orgulho e exaltação, que comumente acompanham os poderosos não se coadunam com os sentimentos dAquele que, na Terra, Se curvará humildemente para lavar os pés de pobres pecadores.
— Basta! Não me fale mais nisso!
— atalhou o irado anjo. Não suporto mais ouvir falar em humildade quando tudo em mim, me empurra para cima, para subir, além das mais altas nuvens e ser semelhante ao Al-tíssimo! Fora! Fora daqui com estas idéias piegas! A obra que comecei não será interrompida por sentimentalismos, e jamais voltarei atrás! Em breve o Universo inteiro verá com quem está a razão.
— Bem — aventurou ainda o anjo do Senhor — e a verdade? Que você vai fazer com a verdade? Como poderá prosperar a sua causa se expuser os fatos como eles são, como ordena a verdade?
— A verdade, ora, a verdade! — respondeu gargalhando o pai da mentira.
— Tenho arma mais poderosa e versátil que a verdade! Não sabe ainda que a terça parte dos membros da Igreja estão a meu favor, e que até alguns obreiros me dão apoio?
Muitos outros anjos o aconselharam a parar e retroceder, humilhando-se perante Deus. Muitos se esforçaram para descrever-lhe as funestas conseqüências da rebelião, mas não houve apelo que atendesse.
“E houve batalha no Céu. Miguel e seus anjos batalharam contra o dragão e seus anjos,” porque um ser pretensioso e egoísta quis subir e subir além do que poderiam alcançar suas frágeis e bamboleantes pernas.
Vencido nas cortes de cima, ajuntou suas muambas, e na faísca de um raio partiu com sua caravana endiabrada, desgraçadamente, rumo as nossas moradas, para aqui estabelecer seu reino de mentiras, como hoje se vê. Ouçamo-lo dirigindo-se pela vez primeira à grande assembléia de demônios, logo após ter usurpado das mãos dos nossos pais, o Paraíso.
— Camaradas! O reino que hoje fundo, será de plena e absoluta liberdade! Aqui as restrições incômodas da lei, não servirão de tropeço a nenhum dos meus súditos. Todos estamos fartos de obediências, de proibições, de leis e mandamentos! Abaixo os indesejáveis estatutos! Abaixo as proibições arbitrárias! Abaixo as condenações da consciência! Aqui todos serão livres, verdadeiramente livres para viver como quiserem, sem mais se preocupar com a ordem, com a disciplina, com a decência, e com outras virtudes pueris, que só fazem tolher o gosto e o prazer da verdadeira liberdade!
— Com licença, senhor Satanás — mugiu dos fundos, um demônio visivelmente preocupado. — Creio que não podemos esquecer do que foi dito, que o Filho do Soberano, um dia, virá à Terra para exaltar a lei, tornando-a gloriosa. Como vamos nos arranjar se isto acontecer?
— Bem — retrucou o enganador com ousadia — se Ele vier, o que duvido muito, haveremos de enfrentá-Lo com as armas que urdiremos com a vileza e a mentira. Desde o berço em que nascer, haveremos de segui-Lo, passo a passo através da vida inteira, até cravá-Lo, cheio de dor e coberto de ignomínia, no aviltante e ridículo madeiro. E, será tal a angústia que O faremos padecer, que escarnecido, cuspido e desprezado pelos próprios homens que desejou salvar, há de fugir por certo, deixando-nos em paz aqui neste recanto onde nem lei, nem Deus jamais existirão!
— Peço a palavra! — rosnou do meio da turba, um demônio, que pelo jeito ocupara importante posição no Céu. — E a Igreja que será fundada aqui? Não ensinará, porventura, aos homens os princípios celestiais da verdade? Como vamos nos livrar da influência da Igreja?
— Bem, a Igreja. . . — murmurou, sarcasticamente o diabo — a Igreja não será problema. Para confundi-la e subvertê-la usaremos a própria Bíblia que será escrita, e de tal forma, que dos púlpitos sagrados partirá a grita: A lei foi abolida! Não existe mais pecado e nem condenação. Será a suma confusão! Então, os homens desorientados, perdidos e sem poder atinar com a verdade, inventarão mais de mil seitas que se combaterão, até que a idéia de Deus seja completamente extinta da Terra, a ponto de haver entre renomados pregadores do Evangelho, quem afirme, com ares de alta sapiência: Deus morreu! Ademais, das doutrinas cristãs faremos uma salada tão perfeita, que membros da mesma seita não se entenderão. A indiferença, a hipocrisia, a inveja, o ódio, o fumo, o álcool e outros entorpecentes serão mercadorias tão correntes entre os professos cristãos, que os homens de bem, desiludidos, saturados das bandalheiras, voltarão às fábulas ridículas e rasteiras, zombando e escarnecendo do poder de Deus.
— Bravo! Fantástico! Viva o nosso grande rei!
E a grita foi aumentando num ritmo crescente até que o eco reboou ao longe, como o estalido do trovão. Neste instante, quando a hoste infernal delirantemente ovacionava, um ser alto, magro, soturno e desfigurado, assomou a frente e rogou por silêncio. Ao cessar o vozerio, exclamou:
— Chefe, seus planos são bons, quase perfeitos. Porém há um ponto importante, que ainda não foi explicado.
Lúcifer mordeu os lábios, visivelmente encabulado.
— Todos nós sabemos que nos últimos dias se levantará na Terra um Movimento, que fará da lei e do advento do Filho de Deus, os temas principais de sua pregação, e que este povo humilde e pequeno, dará um testemunho tão forte e poderoso, que reivindicará o nome do Senhor, e nos deixará extremamente confusos. Quais são as suas providências para enfrentar os adventistas?
Lúcifer, ao ouvir esta observação ousada, fingiu estranha calma, e respondeu, um tanto perturbado:
— Não se amofinem por isso. Deixem este povo por minha conta. Tenho cá meus planos que impedirão os triunfos desta gente abominável. Acalmem-se! Confiem em mim!
— Não podemos saber quais são estes planos? — indagou um diabo, do meio da multidão.
Lúcifer respondeu:
— Sim, como não! Creio até ser muito útil, porque assim poderemos corrigir algumas falhas, que por lapso me hajam escapado. Creio que nada melhor para impedir o avanço deste povo, que infundir nos seus ministros aquele desejo insano que me assaltou no Céu. Desejo de glórias, de honras, de posições, até que muitos deles percam por completo a visão do ministério e sirvam como simples mercenários. Depois, vamos soprar este mesmo sentimento sobre os membros da Igreja. Vocês haverão de ver como este povo lutará por um cargo. O sentimento de amor e irmandade cederá à pressão da inveja, do ciúme, do desejo de grandeza, a ponto de haver na mesma congregação homens e mulheres, que por cobiça da mesma posição, vivam completamente separados. Entre eles soltaremos os maldizentes e os críticos acusadores, para que usem sua língua, a tempo e fora de tempo, bem como os mais baixos meios de comunicação, tais como marretas, apoios, trombetas, folhas negras e outras circulares anônimas para solapar, denegrir e ultrajar qualquer esforço ou iniciativa que os líderes, possam ainda elaborar. Depois. . .
— Basta chefe! Não precisamos ouvir mais nada! Bravo!
— Senhor presidente, proponho que estes planos sejam aceitos — gritou um anjo mau, assentado na primeira fila de bancos.
— Apoiado! — repetiu em coro, a turbamulta.
— Empenho minha palavra de honra no cumprimento destes planos — concluiu o ardiloso enganador.
É. . . parece que o inimigo está mesmo cumprindo sua palavra, porque segundo consta, os faladores, os maldizentes e demais filhos da inveja estão espalhados por aí, em profusão, pelo menos um em cada congregação adventista.
Voltem amanhã para a terceira lição. A lição será estudada junto à Natureza.
Levantem bem cedo hoje, antes do Sol nascer, para uma caminhada a pé, pois nossa aula será ministrada em pleno céu aberto, junto à Natureza, onde iremos procurar as lições e os remédios para corrigir
Saiamos todos juntos pela estrada íngreme da vida, observando demoradamente os estragos que falatórios pesados demais têm causado na fina camada dos sentimentos, deixando sulcos profundos que fazem trepidar a amizade, a fé e o amor.
Vamos visitar algumas ruínas humanas abandonadas por aí, semi-soterradas no pó da indiferença, e outras já sepultadas na areia movediça da incredulidade de homens e mulheres que se deixaram levar pelo espírito de acusações e críticas, a ponto de perderem todo o entusiasmo pela verdade.
Vejam ali, naquela baixada, aqueles escombros humanos tristes, vazios, solitários, que poderiam estar hoje a regozijar-se na fé, não fosse a tendência mórbida de cravar os olhos no que há de pior na humanidade.
Contemplem, daqui do alto, o que restou no coração desses pobres e complexados seres humanos, que, para seus irmãos e a Igreja de Deus, só tiveram nos lábios duras palavras de reprovação.
Vejam, lá bem distante, à esquerda dos altos montes que estão à nossa frente, aqueles lindos castelos construídos no ar por pais carregados de sonhos e esperanças, e que poderiam ter-se transformado em sublime realidade, não fosse a condescendência com a crítica, com a maledicência e outros pecados semelhantes que desviam vocações, desacreditam virtudes e zombam da reverência e do respeito devidos a Deus e às Suas criaturas.
Mirem acolá, além daquelas quebradas, a seara verdejante, tremeluzindo ao Sol, onde foram lançadas as sementes da impiedade!
É a nova geração que desponta estigmatizada pela irreverência que aprenderam dos pais, ao ouvirem dia após dia as críticas e condenações aos obreiros e à Causa de Deus.
Ao irmos passando por este vale sombrio, deserto de amor, dêem um balanço ligeiro na colheita de tempestades que por certo hão de ter esses que passaram pela vida semeando ventos e dissensões.
Aproximemo-nos calmamente daquele grande rio, que desliza silencioso ali no fundo do vale. Vejam daqui, deste ângulo, aquelas pontes de boa vontade estendidas por sobre abismos de incompreensões e inimizades. Como arcam ao peso das críticas e zombarias, a ponto de partirem-se tentando unir os irreconciliáveis!
Estão vendo ali, à beira do caminho, esses marcos removidos, que delimitavam as fronteiras da boa vizinhança? Eles foram arrancados pela indiscrição, pela falta de serviço dos que vivem batendo pernas de casa em casa criticando os irmãos, enquanto seus próprios lares se deterioram na sujeira e na podridão.
Deixemos a estrada batida e suja dos maldizentes, e embrenhemo-nos na mata agreste que se inicia ali no sopé da serra.
Não se arreceiem! Não tenham medo! Venham comigo aprender na escuridão da mata as lições singelas que as plantas e os animais nos ensinam, bem como as condenações acerbas que Deus despeja sobre a cabeça dos intrigantes, desde as mais pequeninas obras de suas mãos. A primeira grande lição que aprendemos entre este emaranhado de cipós que se enroscam e sobem pelos troncos, é a lição do respeito mútuo que deve haver entre os irmãos. Na solidão da mata os animais da mesma família se protegem mutuamente e vivem num regime de cooperação. “Aqui o lobo não come o lobo e o leopardo respeita o leopardo. Só o homem é inimigo do homem.”
Há mais perigos na cidade onde os carros cruzam e recruzam as ruas e onde as línguas tramam e retramam o mal, do que neste sertão bravio, onde as feras nos tratam com deferência, e fogem à nossa aproximação.
Os mais temíveis inimigos aqui são as serpentes, que quase sempre nos atacam pelas costas; mas, este golpe, todos os maldizentes conhecem de cor e salteado, de maneira que não precisam ficar temerosos. Se, porventura, um dos nossos alunos for atingido por peçonha mortal, temos aqui na mochila o antídoto que exercerá sua ação salvadora.
Vocês sabem de que é feito o soro anti-ofídico? Do próprio veneno da cobra, o qual depois de amansado, se transforma em inimigo do mal. Assim, para combater a maledicência e todo o enxurro de palavras más, não existe nada melhor que a palavra boa.
Vamos em frente, em fila indiana, aqui por esta picada!
Não olhem assim, abobalhadamente por todos os lados. Quem anda no mato, não deve distrair-se com os animais e os insetos que pululam à beira do caminho, porque isto lhes poderá ser fatal!
Andem firmes, atentos, de olhos abertos e voltados para a frente, sem se assustarem com o farfalhar das folhas e o ruído dos gravetos que se quebram debaixo dos nossos pés. Assim devem andar os filhos de Deus, alheios ao matraquear das línguas que farfalham ao sopro da brisa de qualquer mal.
Corram aqui. Venham ver o que é trabalhar, ao pé deste formigueiro! Observem as formigas trabalhando. Dia e noite, é isto que vocês estão vendo aqui. Este leva-e-traz que não tem fim, interminável como o vaivém dos recadistas. A diferença da obra entre os dois está apenas na qualidade da mercadoria que transportam. A formiga, sábia e inteligente, carrega o pão para a família, enquanto o falador insensato, baldeia o mexerico e o boato.
Vamos andando porque temos ainda pela frente muita coisa para ver. Vejam aqui nesta clareira, contra a luz do Sol, esta perfeição de teia de aranha! Não parece construída com filamentos de cristal?
Atenção! Não se movam! aí vem vindo a aranha, do seu esconderijo. Vejam ali, aquele inseto. Pobre coitado! Emaranhou-se na teia, e a aranha de longe o percebeu. Vejam como avança veloz para apanhar a vítima. Vejam aqui de mais perto. Observem agora como o infeliz se debate em vão, ao ser enleado por seus fios pegajosos.
Assim tecem as línguas-de-trapos com palavras envolventes, um emaranhado de falsidades em torno daqueles que lhes são adversos.
A aranha, entretanto, mata para se alimentar, ao passo que o intrigante o faz para satisfazer os desejos do seu pai, que é o acusador dos irmãos.
Levantem depressa os olhos para o céu! Não sei se vocês perceberam. Há alguns minutos era apenas um, e agora são centenas de corvos que voam em semicírculo por sobre as nossas cabeças, e descem em parafuso, ali, além daquele riacho. Uma res ou outro animal qualquer deve ter morrido “porque onde estão os cadáveres ali se ajuntarão as águias.” Os abutres e os corvos também, assim como os mexeriqueiros, se ajuntam para esfolar suas vítimas.
Vamos andando. Um pouco mais adiante. Esta árvore caída aqui, cujo tronco começa a apodrecer, conta-nos a história de uma vida que afinal tombou, vítima, quem sabe, do vendaval ou de insetos daninhos, que pouco a pouco lhe minaram a seiva.
A calúnia, a intriga e o mexerico quando não devastam de pronto suas vítimas, minam também o entusiasmo, a confiança, a alegria, e fazem murchar o coração.
Venham cá, todos vocês! Olhem ali na copa deste coqueiro exuberante, aquela samambaia de metro que pende graciosa até o meio, como as tranças das filhas de Sião.
Há línguas por aí, mais longas que as samambaias, mesmo entre aquelas que dão excessivo valor ao tamanho das melenas, e que amaldiçoam acremente os cabelos curtos.
A santidade não se pode medir com fita métrica, mas sabemos com certeza que a religião verdadeira põe fim ao falatório, e encurta o comprimento das línguas.
Mas, a este assunto, entretanto, não vamos dar solução aqui no meio do mato. Deixemos que nossos teólogos definam a velha história do comprimento dos cabelos e. . .
Atenção! deitem-se rapidamente onde estão e cubram a cabeça. Rápido! Não se movam! Bati, sem perceber, com o pé da esferográfica numa caixa de marimbondos ali naquele galho, e já todo o enxame esvoaça. Colem-se no chão e fiquem quietos até acalmar o ânimo e o furor desses insetos.
Arre! Como são tremendos esses marimbondos! Já viram coisa igual? Pequeninos, frágeis, delicados, mas têm um ferrão tão venenoso que fazem fugir espavoridos homens e animais consideráveis.
Há pessoas assim, como esses marimbondos. Frágeis, suaves, delicadas, mas que põem em debandada grandes congregações, pelo poder do veneno que carregam no ferrão.
Saiamos depressa deste sítio, antes que estes abelhudos despertem de novo a sanha.
Lá está a Fonte Cristalina que brota em borbotões, na base daquela Rocha! Vamos até lá beber a longos sorvos a Água da Vida que cura radicalmente todo mau traço do caráter. Os problemas do diz-que-diz-que, e outros da língua humana só existem porque os homens não se detêm nesta Fonte.
É tarde! A passarada despede-se do dia, e o Sol se põe além. Venham depressa aqui por este atalho, que encurtará nosso caminho. Vejam! Lá embaixo está a estrada!
Amiúdem o passo para que a noite escura não nos alcance aqui nesta
quiçaça! Neste ritmo, dentro de mais alguns momentos estaremos chegando à casa para uma merecida noite de descanso.
Ao deitarem-se, depois desta caminhada, meditem um pouco em tudo o que hoje vimos. Na mata, como na Igreja, de tudo existe um pouco. Lá estão as árvores de lei, gigantes, majestosas, bem como mil outros arbustos, úteis, necessários, assim como na Igreja existem irmãos humildes ao lado de outros talentosos, todos de valor, indispensáveis.
Há, porém, na mata agreste, uma horda de ervas más e outras plantas venenosas que em tudo se assemelham aos filhos da escuridão.
As urtigas, por exemplo, cheias de farpas violentas, espetam como os ímpios, em todo o tempo e em todas as direções.
O arranha-gato, violento, é tal qual o marreteiro que camuflado pelo anonimato, farpeia, espinha e açoita, pensando que ninguém vê. Os parasitos, sem conta, representam os negligentes que em toda a parte existem fartamente.
As sensitivas melindrosas são como certas pessoas que por tudo se ressentem.
Os paus podres derrubados, que se diluem no pó, profetizam o destino dos que tiveram prazer na iniqüidade.
As folhas secas, caídas, que se agitam com o vento, são como os inconstantes que vão seguindo no embalo das ondas.
Os espinhos traiçoeiros, que na mata existem aos milhares, são a encarnação da maldade que o pecado originou.
Há, entretanto, uma diferença fundamental entre o homem e os vegetais, que em última análise é esta: uma planta, uma árvore, é o que é, sempre, até depois de morta, sem possibilidade alguma de mudança.
Peroba será peroba, cedro será cedro, imbuia será imbuia sempre, enquanto existir delas ainda que seja uma lasca.
O homem não. O homem pode mudar. Está nas suas mãos fazer a escolha entre ser um cedro altaneiro, útil, majestoso ou um indesejável e inútil pé de espinho.
Texto de Autoria do Pr. Benito Raymundo