6 de maio de 2010

UMA NOVA PESSOA

Já tivemos até hoje quatro conferências e, contando com a de hoje, temos mais quatro conferências pela frente! Até aqui demos grande ênfase a tudo aquilo que convém saber, para uma pessoa se entregar confiadamente nos braços de Jesus Cristo. A partir de hoje vamos falar naquilo que a pessoa que JÁ se entregou a Cristo necessita de saber para se manter n’Ele. Sim, porque a Bíblia claramente ensina que a nossa ligação a Cristo não assume, de imediato, um caráter vitalício, mas está dependente da nossa Vontade em permanecermos do lado de Jesus (cá está, uma vez mais, a importante função da Vontade no nosso relacionamento com Cristo, isto porque Ele, lembro-lhe, não força a Sua permanência na nossa vida!):

“O SENHOR está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, ele se deixará achar; porém, se o deixardes, vos deixará.” (2 Crónicas 15:2).

Vejamos, em primeiro lugar, qual é a condição da pessoa que JÁ se entregou de todo o seu coração a Jesus Cristo:

“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8:1). Que verdade fabulosa! Isto é o mesmo que dizer que o nosso “registo criminal” ficou totalmente LIMPO!

Mas estar “em Cristo Jesus” para que “já nenhuma condenação” esteja sobre nós – porque os nossos pecados foram obviamente perdoados! – subentende, ainda de acordo com a Bíblia, que nós nos arrependemos dos nossos pecados e os confessamos a Cristo:

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (Atos 3:19)

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1:9)

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13; negrito acrescentado).

Este último texto indica também ALGO MUITO IMPORTANTE:

“O que encobre as suas transgressões jamais prosperará”.

O que significará, neste texto bíblico, a palavra “encobrir”? Significará que poderei ter êxito em ocultar algo que fiz, diante de Deus? Vejamos o que a Bíblia tem a dizer sobre isto:

“Os olhos de Deus estão sobre os caminhos do homem e veem todos os seus passos. Não há trevas nem sombra assaz profunda, onde se escondam os que praticam a iniquidade.” (Jó 34:21-22);

“Porque os caminhos do homem estão perante os olhos do SENHOR, e ele considera todas as suas veredas.” (Provérbios 5:21);

“E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.” (Hebreus 4:13).

Vêem como a Bíblia se interpreta a ela própria? Por conseguinte, “encobrir” em Provérbios 28:13 NÃO PODE significar algo que eu possa esconder diante de Deus, mas sim algo que eu escondi, não confessando a Deus! Aliás, o texto opõe as palavras “encobre” com “confessa” (“o que encobre… / mas o que… confessa”), o que deixa, de imediato, pressupor que “encobrir” é o oposto de “confessar”, ou seja, não confessar!

Por que razão é que eu estou a dar grande ênfase a este aspeto? Por uma razão muito simples: é porque a Bíblia AFIRMA, de forma muito clara, que aquele que não confessa “as suas transgressões” (nenhumas ou só uma parte delas!) “JAMAIS PROSPERARÁ”!

Querido amigo, querida amiga, ninguém está interessado em não prosperar na vida, pois não? Pois bem, aqui está UM DOS SEGREDOS DE SUCESSO para a vida, que a Bíblia nos apresenta sem quaisquer ambiguidades! Quer ter sucesso na sua vida? Então CONFESSE as suas transgressões!

David, um dos reis mais conhecidos do antigo Israel, testemunhou da sua própria experiência nos seguintes termos:

“Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia. Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio.” (Salmos 32:3-4). Por outras palavras, David viveu terrivelmente angustiado ENQUANTO encobriu os seus pecados, não os confessando!

Mas, devemos confessar as nossas transgressões… a QUEM? A um sacerdote ou ministro religioso? A um médico? A um psicólogo? A um terapeuta? A um psicanalista? A um amigo ou vizinho?

Leiamos o que finalmente fez David:

“Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado.” (Salmos 32:5; negrito acrescentado).

Sabem por que razão a CONFISSÃO A DEUS é a única que tem resultados positivos na nossa vida? O único tipo de confissão que nos leva à prosperidade? Porque ninguém mais, a não ser DEUS, tem o poder de perdoar os pecados que nós confessamos:

“E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfémias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Lucas 5:21; negrito acrescentado). (Embora, no contexto em que esta passagem se insere, “os escribas e fariseus” estivessem errados ao afirmar que Jesus dizia “blasfémias” – diziam isso porque viam Jesus como um mero homem, não reconhecendo n’Ele um Ser divino! – contudo estavam certos ao afirmar que ninguém “pode perdoar pecados, a não ser Deus”)

Pergunto-vos, então, queridos amigos: o que é que nós ganhamos quando vamos “confessar” pecados a alguém que não os pode perdoar? Não ganhamos NADA, e eu atrevo-me a acrescentar que até podemos perder muito, porque corremos o sério risco de expormos a nossa vida a alguém que possa não ser de total confiança!

Mas então o que dizer do seguinte texto bíblico:

“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados.” (Tiago 5:16)?

Os pecados que cometemos secretamente são para serem confessados APENAS a Deus! Pecados que envolvam outras pessoas devem ser confessados IGUALMENTE às pessoas específicas que nós ofendemos!

Como é que podemos estar certos disto? Jesus disse:

“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe.” (Lucas 17:3-4; negritos acrescentados).

Repararam bem que pecados eu posso e devo perdoar ao meu próximo?

“Se teu irmão pecar contra ti, … perdoa-lhe”. Que pecados são estes? Aqueles que foram cometidos contra mim! É o que Jesus igualmente afirmou na bem conhecida “Oração do Pai Nosso”:

“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém]!” (Mateus 6:9-13; negrito acrescentado).

Por conseguinte, podemos e devemos perdoar pecados “aos nossos devedores”, mas NÃO PODEMOS, NÃO POSSO perdoar pecados a quem não me deve nada, ou a quem deve alguma coisa mas não a mim! Está claro este ponto?

Então agora ponham-se na posição inversa: se eu devo perdoar pecados que são cometidos contra mim, porque a pessoa que os cometeu se arrependeu, então o que devo eu fazer se sou eu o transgressor? Obviamente confessar os meus pecados diante de quem eu ofendi! Este é o tipo de confissão que Deus pede que eu faça junto de seres humanos! Nada mais do que isso.

Ficou então claro este assunto de que, “ESTAR EM CRISTO” subentende que eu me tenha arrependido e confessado os meus pecados a Deus e a quem eu tenha eventualmente ofendido? E que isso é um dos “SEGREDOS” que a Bíblia me indica para eu prosperar na minha vida?

Voltemos então ao assunto principal da nossa reunião desta noite:

Qual é então a condição da pessoa que JÁ se entregou de todo o seu coração a Jesus Cristo?

Recapitulemos o versículo bíblico que já lemos no início:

“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” (Romanos 8:1). Vejamos agora mais este:

“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Coríntios 5:17).

Uma das imagens mais sugestivas que a Bíblia nos apresenta para descrever a condição da NOVA PESSOA, ou melhor, a transformação pela qual ela passou para se tornar numa NOVA PESSOA, é a do “transplante” cardíaco:

“Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.” (Ezequiel 36:26).

Como agirão agora aqueles que se tornaram novas criaturas em Cristo Jesus? Produzirão os chamados frutos do Espírito:

“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.” (Gálatas 5:22-23).

Eles não mais se comportam em conformidade com os seus erros passados e que são apelidados na Bíblia de “obras da carne”, porque são produzidos pela nossa “carne” (natureza pecaminosa):

“Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, fações, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas…” (Gálatas 5:19-21).

Doravante, pela fé em Cristo, seguirão os seus passos, refletirão o Seu caráter e purificar-se-ão como Ele é puro. As coisas que outrora odiavam agora amam, e as coisas que outrora amavam agora odeiam:

“Então, vos lembrareis dos vossos maus caminhos e dos vossos feitos que não foram bons; tereis nojo de vós mesmos por causa das vossas iniquidades e das vossas abominações.” (Ezequiel 36:31);

“Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é a morte.” (Romanos 6:20-21).

O orgulhoso e arrogante torna-se manso e humilde de coração. O leviano e o altivo tornam-se sérios e discretos. O bêbado torna-se sóbrio, e o devasso puro.

A MAIOR EVIDÊNCIA de que houve um arrependimento genuíno e verdadeiro no coração da pessoa que se entregou a Cristo, é o facto de ter havido uma reforma completa na sua vida! Se restituir o que tinha roubado, confessar os seus pecados, e amar Deus e os seus semelhantes, o pecador pode estar certo de que passou da morte para a vida!

Vejam aquilo que ocorreu na vida de um homem que passou por esta transformação:

“Entrando em Jericó, atravessava Jesus a cidade. Eis que um homem, chamado Zaqueu, maioral dos publicanos e rico, procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por ser ele de pequena estatura. Então, correndo adiante, subiu a um sicómoro [árvore] a fim de vê-lo, porque por ali havia de passar. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa. Ele desceu a toda a pressa e o recebeu com alegria. Todos os que viram isto murmuravam, dizendo que ele se hospedara com um homem pecador. Entrementes, Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então, Jesus lhe disse: Hoje, houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.” (Lucas 19:1-10).

Repararam no que aconteceu? Quando Zaqueu decidiu restituir o que tinha roubado como publicano (cobrador de impostos), Jesus imediatamente lhe disse: “Hoje houve salvação nesta casa”! Porque houve salvação genuína, essa salvação de imediato SE MANIFESTOU num desejo espontâneo de restituir o que tinha roubado e de, a partir dali, ter uma atitude radicalmente diferente para com os seus semelhantes: até àquele momento roubava-os, a partir de agora queria repartir com eles a metade dos seus bens!

Zaqueu era agora UMA NOVA PESSOA, porque ele permitiu que Jesus entrasse na sua casa e no seu coração! É verdade que foi Jesus quem tomou a iniciativa de querer ir visitá-lo (lembram-se do que dissemos logo na primeira noite – que Deus é QUEM toma a iniciativa de nos procurar?), mas Jesus pôde entrar porque Zaqueu PERMITIU que Jesus entrasse, e quando Jesus entrou, entrou obviamente a salvação, que SE MANIFESTOU em Zaqueu numa transformação radical da sua vida! Esta transformação radical é aquilo que a Bíblia apelida de CONVERSÃO ou NOVO NASCIMENTO!

Queridos amigos, deixem-me agora ser muito claro acerca de algo que pode ocorrer na vida de alguns de vós, assim como ocorreu na vida de muitas pessoas no passado:

Há pessoas que têm verdadeiramente experimentado o amor perdoador de Cristo e que realmente desejam ser filhos de Deus; contudo, verificam que o seu caráter é imperfeito, que a sua vida é cheia de defeitos, e chegam, por isso, ao ponto de duvidarem se o seu coração já foi renovado pelo Espírito Santo. A esses gostaria de dizer muito claramente: não recuem desesperados! Nós precisaremos de, frequentemente, nos prostrarmos e chorarmos aos pés de Jesus, por causa das nossas faltas e erros, mas não devemos ficar desencorajados. Mesmo que sejamos vencidos pelo inimigo, não somos lançados fora, nem abandonados ou rejeitados por Deus. Não!

David, certa vez, foi vergonhosamente derrotado pelo inimigo ao consentir em fazer algo que ele sabia muito bem que não deveria fazer! Na sua oração de arrependimento e confissão, que encontramos no Salmo 51, ele não apenas pediu que Deus o perdoasse – “compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões” (v. 1) – e o limpasse totalmente – “lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado” (v. 2) – mas pediu igualmente que Deus lhe desse um coração puro (ou seja, orou por uma conversão genuína) – “cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (v.10).

Mas, facto interessante, logo a seguir a ter pedido um novo coração, David fez uma afirmação deveras significativa! Disse ele:

“Não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito.” (Salmos 51:11) – ou seja, David tinha a certeza de que, apesar do seu pecado, Deus não o tinha abandonado, retirando o Seu Espírito dele!

Sabem qual é o ÚNICO PECADO que não é perdoado por Deus? É muito simples conhecer a resposta, pois a Bíblia afirma que “se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1:9). Assim sendo, o ÚNICO PECADO que não é perdoado por Deus é aquele que não Lhe é confessado!

Aqueles que aqui estão esta noite e que já conhecem um pouco mais da Bíblia, poderão estar a perguntar-se, neste momento: então, mas o ÚNICO PECADO que não é perdoado por Deus, não é o pecado contra o Espírito Santo, segundo as palavras do próprio Jesus Cristo:

“Por isso, vos declaro: todo o pecado e blasfémia serão perdoados aos homens; mas a blasfémia contra o Espírito não será perdoada.” (Mateus 12:31)?

Sim, eu blasfemo contra o Espírito Santo, que tem a função de me convencer do pecado (Jesus disse, referindo-Se ao Espírito Santo: “convencerá o mundo do pecado” – João 16:8), quando não confesso um pecado, ou não quero admitir que estou mal, recusando assim a convicção que o Espírito quer operar em mim!

Mas se me deixar convencer pelo Espírito de Deus, e se confiar nesta firme promessa:

“Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;” (1 João 2:1),

então, de cada vez que eu cair, eu devo ir junto do meu Advogado, confessando-Lhe o meu pecado, para obter d’Ele o perdão, na certeza de que Ele não me abandonou!

Amigos, orem quando caírem, mas sobretudo OREM PARA NÃO CAIR EM TENTAÇÃO! Foi isso que Jesus nos ensinou na Sua oração modelo:

“e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal” (Mateus 6:13).

Vivendo já uma terrível angústia mental e espiritual, momentos antes de ter sido preso e condenado à morte, Jesus ADVERTIU ainda os Seus discípulos, nestes termos:

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mateus 26:41).

Sim, amigos, “a [nossa] carne é fraca” e TOTALMENTE IMPOTENTE para vencer as nossas tendências pecaminosas, herdadas e cultivadas, assim como as tentações diabólicas a que estamos sujeitos! Mas, fazendo aquilo que nos é humanamente possível fazer – vigiar – e entregando ao Senhor, pela oração, aquilo que não nos é possível fazer por nós próprios – vencer a tentação, porque Jesus afirmou claramente: “sem mim nada podeis fazer (João 15:5)” – podemos ser vencedores nesta luta titânica contra o pecado!

O apóstolo Paulo declarou confiadamente:

“Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13).

Que Deus vos conceda a alegria da Sua salvação e vos encha de poder e força, na medida direta em que O buscais continuamente, para assim não perderdes essa tão grande salvação que Ele vos concedeu e que JÁ aceitastes!