20 de abril de 2010

O SENHOR QUER O CORAÇÃO

“Dá-me, filho meu, o teu coração, e os teus olhos observem os meus caminhos.” Provérbios 23:26.

Nas Sagradas Escrituras, o coração representa a personalidade, o carácter, tudo o que está escondido, enquanto que a alma e o corpo representam o exterior, o que se manifesta, o que pode ser percebido por quem observa. Quem nos olha vê não só o corpo físico mas as expressões reflectidas no rosto, nos gestos e nos olhos, que são manifestações da alma.

Se abrirmos uma Concordância bíblica e procurarmos a palavra “coração”, encontrá-la-emos 919 vezes. É impressionante! Pessoalmente não imaginara que fosse uma das palavras mais frequentes na Bíblia, até ter verificado por mim próprio.

É o coração que é “julgado” por Deus, é o coração que deve ser “circuncidado”, é o coração que deve ser “convertido”, é ele que deve “crer”, é no coração que Deus quer “escrever” a Sua Lei. No novo nascimento o crente recebe um “coração novo”.

Torna-se fácil de compreender que a Bíblia, ao falar de coração, não se refere especificamente ao órgão torácico, oco e muscular, de forma ovóide, que é o elemento central da circulação do sangue. Mas à parte profunda do ser, ao inconsciente e ao subconsciente. A Bíblia fala desta parte profunda do ser humano, antes que os médicos o tenham descoberto e escrito toneladas de livros. Deus já conhecia este jardim secreto, e é nele que quer passear-Se e connosco Se deleitar. Por isso Jesus diz: “Eis que estou à porta e bato...” A que porta está o Senhor a bater?

Devemos compreender que esta porta, na qual Jesus está a bater, é uma porta que pertence ao crente, ao que conhece a Palavra de Deus. Que porta é esta?

É, certamente, uma porta que está no interior do coração, uma parte profunda do ser humano. Porta interior que dá para o nosso carácter e que dá acesso ao que nos faz diferentes de todos os outros seres humanos, que nos faz seres únicos.

Ainda que a salvação que Deus oferece seja aparentemente aceite, Ele quer ter um encontro individualizado, tal como teve com Nicodemos ou com a mulher Samaritana, para nos falar do Seu amor, do Seu sacrifício e persuadir essa parte da pessoa, do subconsciente que comanda todo o comportamento humano.

Não persuade pela força ou pela violência, mas pelo Seu Espírito. Esta parte interior que é a sede das nossas decisões não pode ser forçada ou violada, mas respeitada. No entanto deve escolher a vida ou a morte: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua casa.”Deuteronómio 30:19.

Talvez seja a nossa atitude indecisa que leva o Senhor a dizer: “Como dizes: rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu.” Apocalipse 3:17.

Quem sabe se hoje sentimos a disponibilidade interior para nascer de novo e então possamos dizer: “Senhor, entra e ceia comigo e eu contigo. Há muito que ansiava abrir-Te a porta, mas por razões que são difíceis de especificar não o fiz. Desculpa ter-Te deixado tanto tempo à porta. Entra!