31 de março de 2010

ORAR SEM SER INDELICADO

“Sabendo que, se o nosso coração nos condena, maior é Deus que os nossos corações, e conhece todas as coisas.” I João 3:20.

Há um ditado antigo que diz: “Nós pedimos a Deus o que nos agrada, mas Ele dá o que necessitamos.”

Talvez seja por esta razão que não corremos com tanta pressa para os pés do Senhor. Ou talvez a razão seja mais profunda! Isto é, o facto da nossa consciência trazer à superfície aquilo que nós pretendemos que se mantenha no fundo.

Pode acontecer que, ao abrir o coração a Deus como a um amigo, surjam confidências, desabafos, que nos tornam conscientes daquilo que em nós não suporta o olhar do Senhor.

Lembram-se daquela noite em que Jesus foi conduzido a casa de Caifás, para ser julgado? Pedro seguia-O de longe e misturou-se com os criados no pátio à volta da fogueira. De repente uma criada olhou para ele e disse: “Tu também estavas com Jesus, o galileu. Mas ele negou diante de todos. Negou uma vez, duas e não há duas sem três. Começou mesmo a praguejar. Desta forma identifica-se com os indiferentes, com aqueles a quem importava apenas o comer e o beber. Se Jesus é inocente ou não, se Jesus é o Filho de Deus ou não, não faz nenhuma diferença. Desde que se tenha o agrado e a simpatia dos ricos e poderosos!

Quando Jesus saiu do julgamento, mal tratado, sangrando, olhou para Pedro. Não para o condenar, mas aquele olhar penetrou até ao fundo da alma do discípulo e trouxe à superfície o lodo que ainda estava depositado no fundo: o orgulho, o desejo de ser o primeiro, de ser um dirigente de Israel.

Pedro não renegou aquele olhar. Saiu dali, e humilhou-se diante de Deus. Permitiu que a escória fosse queimada pela “brasa viva do altar de Deus”, e foi purificado, perdoado, tornou-se uma nova pessoa.

Se nas nossas orações alguma coisa menos positiva vem à superfície, que isso não seja um pretexto para sermos indelicados com Deus, mas que seja a nossa oportunidade de a transferir, permitir que ela seja iluminada pelo Espírito Santo e queimada.

Já pensou no que vem à superfície da sua consciência quando se apresenta diante de Deus?

Pode ser o desgosto por não ser mais fiel e não viver uma maior consagração. Pode ser uma consciência que sente a culpa. Temos, nestas alturas, a tendência de Adão e Eva de em vez de nos expormos confiantemente, fugirmos, escondermo-nos. Ora Deus veio ao nosso encontro, tal como veio ao encontro dos nossos primeiros pais: “Adão, onde estás?” A resposta foi uma quantidade de desculpas indelicadas.

As desculpas indelicadas podem até nem ser provocadas por grandes falhas, mas se não forem expostas a Jesus, transformam-se em remorsos. Atingem o nosso psíquico e isso abate-nos, destrói-nos, perdemos o sentido da presença e do amor de Deus, entramos nas trevas como Judas. Pode ser um caminho sem retorno. “Sabendo que, se o nosso coração nos condena, (podemos) confiar em Deus.” Ele não condena. Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Mateus 5:8.

Orar é, pois, deixar encontrar-se por Deus onde e quando Ele quiser. Agora! Deixe o Espírito entrar suavemente no coração e curá-lo, limpar a lágrima, a solidão e revitalizar as fontes da vida. Então, viva a paz!